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Não quero ser candidato se for culpado, diz Lula

Ex-presidente falou pela primeira vez depois de o TRF4 definir para 24 de janeiro a data do julgamento da apelação dele contra sua condenação

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 dez 2017, 16h00 - Publicado em 13 dez 2017, 14h38
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  • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou nesta quarta-feira pela primeira vez depois de o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) marcar a data do julgamento da apelação dele contra sua condenação na Operação Lava Jato. Em uma reunião das bancadas do PT na Câmara e no Senado, em Brasília, Lula declarou que não quer ser candidato à Presidência se tiver culpa e desafiou o Ministério Público a provar que ele é culpado no processo.

    Na sentença de primeira instância, o juiz federal Sergio Moro condenou o petista a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O julgamento no TRF4, segunda instância, está marcado para o dia 24 de janeiro. Se a 8ª Turma do tribunal mantiver a condenação, o petista pode ser preso e ficar inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

    “Se eles apresentarem provas contra mim de todas as acusações, eu terei a satisfação de vir a uma reunião da bancada e dizer: ‘eu não posso ser candidato a presidente, eu sei que eu tenho todos esses recursos para fazer, mas eu sou culpado, eu não vou ser candidato, não tenho condição moral de ser candidato à presidência da República’”, afirmou. O petista usou a palavra “culpado”, e não “condenado”.

    Ao lado da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e do líder do partido na Câmara, Carlos Zarattini (SP), Lula voltou a criticar Moro e os procuradores da Lava Jato e disse que as provas não significaram “absolutamente nada” na primeira sentença contra ele. O processo trata do suposto pagamento de cerca de 3 milhões de reais em propina da OAS ao ex-presidente por meio da compra e da reforma de um tríplex no Guarujá (SP).

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    O petista voltou a afirmar que não há provas de que o imóvel pertença a ele e ressaltou que seria uma “leviandade” concorrer ao Palácio do Planalto sabendo-se culpado. “Eu não quero ser candidato por ser candidato, não quero ser candidato se eu for culpado, seria leviandade da minha parte estar brigando para ser candidato para ocupar a minha culpabilidade. Eu quero brigar para provar minha inocência e se eles querem me condenar, eles que apresentem à sociedade brasileira uma única culpa”, declarou.

    “Não quero que vocês tenham um candidato a presidente que esteja escondido na sua candidatura porque ele é culpado, não quer ser preso para ser candidato. Eu quero ser inocentado para poder ser candidato a presidente da República”, completou.

    Em seu discurso, Lula se disse “triste” com o comportamento de “setores” da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário, que estariam “totalmente subordinados a um comportamento de opinião pública”. O ex-presidente chegou a declarar que há uma “pactuação diabólica” entre PF, MPF e Justiça e a imprensa, que, para ele, levou à desmoralização da classe política.

    “Eu fico muito puto quando a classe política não reage. Eles levantam uma suspeita em cima de um político, a primeira coisa que ele faz é enfiar o rabinho no meio das pernas e ficar quieto. Transformaram todo dinheiro de campanha em propina”, disse Lula.

    Aos deputados e senadores petistas, o ex-presidente ponderou que “a gente não pode dar a impressão de que somos contra apuração de corrupção”. Em seguida, no entanto, voltou a falar que a Operação Lava Jato causou efeitos negativos na economia. “Era importante que a gente visse não se devolveu 650 milhões, 800 milhões, 1 bilhão, mas é quanto que eles causaram de prejuízo nesse país por falta de investimento, por quebradeira das empresas de engenharia que trabalhavam para a Petrobras”.

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    Na semana passada, em sua caravana no Rio de Janeiro, em alusão à crise econômica fluminense, Lula disse que “a Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio”. O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) está preso há mais de um ano e acumula condenações a 72 anos de prisão. Ele ainda responde a outros 13 processos.

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