O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira, 10, que a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) ocorrerá em “ritmo controlado”. Em sua transmissão semanal nas redes sociais, Bolsonaro disse que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não retirou o apoio ao Brasil, mas que Argentina e Romênia “estavam na frente”.
“Falaram que nós, aqui, aquele meu acordo com Trump, que o Eduardo Bolsonaro levou uma rasteira. A verdade é uma só: estavam Argentina e Romênia na frente. Não queremos torcer para que ninguém fique para trás. Eles fazem um rodízio entre um país da América do Sul e outro da Europa”, disse Bolsonaro.
Segundo o presidente, o processo de seleção para a OCDE ocorre “a conta gotas”. Ele ressaltou que o ex-presidente Michel Temer chegou a negociar a entrada do Brasil na organização, enquanto “no governo do PT nem tentaram”. “Não é chegou, vai entrando. Eles fazem uma seleção, e essa seleção é a conta gotas, para que, exatamente, esse país cumpra o estatuto da OCDE. Porque eles não podem errar”, afirmou, na live.
Bolsonaro aproveitou a transmissão para dizer que espera que “a Argentina escolha corretamente o seu presidente, por ocasião das eleições no final de outubro. A gente espere que não volte aquela turminha de Dilma, Lula, do falecido Chávez, se é que não está vivo em algum lugar bem quente por aí, Maduro, Fidel Castro, aquela turma do Foro de São Paulo. Espero que a Argentina escolha bem seu presidente e ela continue sendo uma grande parceira nossa”.
Nesta segunda-feira, a agência de notícias Bloomberg teve acesso à carta que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, enviou, em 28 de agosto, para o secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría, na qual afirma que os Estados Unidos apoiarão apenas o ingresso da Argentina e da Romênia na instituição.
O apoio americano ao acesso do Brasil na OCDE foi um dos principais resultados da visita do presidente Jair Bolsonaro a Donald Trump, em Washington, em março passado, e selou o alinhamento da política externa brasileira à dos Estados Unidos. A medida teve como contrapartida o consentimento do governo brasileiro à sua retirada voluntária do sistema de preferências para economias em desenvolvimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Os Estados Unidos continuam a preferir a ampliação a um ritmo mais lento levando em consideração a necessidade de pressionar pelo planejamento de governança e sucessão”, afirmou Pompeu na carta.
Quase ao mesmo tempo em que a reportagem da Bloomberg ia para o ar nesta quinta-feira, 10, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, demonstrou desinformação ao afirmar que “estamos prontos para integrar na OCDE. Nós e o setor privado acreditamos que isso será chave para o desenvolvimento do Brasil”, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019, em São Paulo.
O apoio dos Estados Unidos era considerado tão sólido pelo governo brasileiro que, em 1º de outubro, o deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, postou no Twitter mensagem sobre a criação do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-OCDE, do qual tornou-se vice-presidente.
Um funcionário do alto escalão do governo americano disse à Bloomberg que os Estados Unidos apoiam a ampliação do bloco e um eventual convite para o Brasil. Porém, seu país está focado no ingresso da Argentina e da Romênia, devido aos “esforços de reforma econômica e o compromisso com o livre mercado”.