No dia em que o presidente Jair Bolsonaro entregou a proposta de reforma da Previdência ao Congresso, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes que o governo avalia ainda não ter os votos necessários para aprovar o texto, mas afirmou estar otimista.
Sobre a primeira derrota do governo na Câmara, sofrida nesta terça-feira, 19, quando os deputados derrubaram o decreto assinado pelo vice-presidente que ampliava o poder de impor sigilo a documentos públicos, Mourão disse que o decreto apenas mudava a regulamentação da lei e não a alterava. “Minha visão é que Congresso mandou recado para o governo que temos que conversar mais com eles”, disse o vice-presidente nesta quarta-feira, 20.
Ao mesmo tempo, Mourão reforçou que Bolsonaro passou quase 30 anos dentro do Congresso e tem habilidade para se relacionar bem com os parlamentares. “Não tenho dúvida disso”, disse na entrevista à rádio.
Mourão reafirmou que a reforma da Previdência não é “panaceia” para todos os males do Brasil, mas é o “grande passo para que nós cheguemos a linha de partida em condições ideais”. O vice-presidente reafirmou que o governo calcula ter em torno 250 parlamentares a favor da reforma. São necessários 308 votos. “Precisamos garimpar uns 60, 70 votos para estar com segurança”, disse ele. “Estou otimista.”
Questionado sobre a inclusão dos militares na reforma da Previdência, Mourão declarou que, entre as mudanças, a categoria vai aumentar o tempo de permanência na atividade e as pensionistas, que hoje não contribuem, passarão a contribuir. Alunos de escolas militares, que hoje não contribuem, também vão passar a contribuir, disse ele, destacando que alguns pontos estavam sendo afinados em reunião no final da tarde desta terça, da qual não participou. “Da forma que temos nosso sistema previdenciário hoje, ele não passa de uma pirâmide financeira”, disse Mourão.
Mourão disse que o ex-ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Previdência foi “desleal” com o Bolsonaro, mas o episódio “está superado, já foi”. “A divulgação dos áudios foi uma deslealdade muito grande com o presidente”, disse ele. “O principal problema foram os áudios, isso rompe a intimidade”, avaliou o vice.