Morreu às 7h50 desta quinta-feira, em Brasília, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Ele tinha 82 anos e estava internado no Hospital Brasília desde o dia 24 de agosto com quadro de pneumonia. O estado de saúde do ex-governador teve uma piora na noite de quarta e, segundo o estabelecimento, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Roriz era diabético e tinha problemas renais crônicos, tendo que se submeter a hemodiálises periódicas. O quadro de saúde se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquerdo, depois da complicação do diabetes. Alguns dias depois, precisou voltar ao hospital para amputar a perna direita na altura do joelho. O político deixa a mulher, três filhos e quatro netos.
Joaquim Roriz governou o Distrito Federal por quatro mandatos (1988-1990, 1991-1995, 1999-2003 e 2003-2006). No primeiro mandato, foi indicado pelo presidente, já que na época o Distrito Federal não podia eleger seus governadores. Em 1991, foi o primeiro governador eleito da região. Antes, havia sido vereador, deputado federal e estadual por Goiás, prefeito de Goiânia e vice-governador do estado.
Seu último cargo foi como senador pelo DF, para o qual se elegeu em 2006. Mas a passagem de Roriz pelo Senado foi breve. Ele renunciou em 5 de julho de 2007, meses após assumir o cargo, para escapar de um processo que poderia culminar com a sua cassação. Ele havia sido acusado por quebra de decoro parlamentar após a descoberta de seu envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro do Banco de Brasília.
Roriz chegou a ser condenado por facilitar um empréstimo da instituição financeira a uma construtora em troca de doze casas para sua família, mas o processo prescreveu no ano passado, dez anos após a denúncia, em razão da idade avançada do ex-governador.
O ex-governador saiu da vida política em 2010, quando teve a candidatura questionada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou a impugnação, com base na lei Ficha Limpa. Temendo um julgamento desfavorável de seu recurso do Supremo Tribunal Federal, ele desistiu de concorrer ao cargo de governador. Na época, a poucos dias das eleições, lançou em seu lugar a esposa, Weslian Roriz, que nunca exerceu cargo político. Ela chegou ao segundo turno, mas perdeu a eleição para o candidato do PT, Agnelo Queiroz.
Repercussão
O presidente Michel Temer usou as redes sociais para prestar homenagem ao ex-governador. “Lamento a morte do ex-governador Joaquim Roriz, que dirigiu o governo do Distrito Federal por quatro vezes e que marcou a vida política da Capital com muitas obras e realizações. Meus sentimentos à sua família”, escreveu o presidente no Twitter.
O governo do DF decretou três dias de luto oficial. “Brasília perde um realizador, um homem com fortes laços com a população mais humilde e que soube ser visionário numa cidade idealizada por outros visionários”, declarou, em nota, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB)
Ele afirmou que a história da capital do país foi escrita por Juscelino Kubitscheck, que a fundou, e Joaquim Roriz “que a consolidou”. O Palácio do Buriti foi colocado à disposição da família para o velório. A família do ex-governador ainda não informou detalhes sobre o sepultamento.
Políticos locais usam as redes sociais para manifestar notas de pesar. Um deles foi o também ex-governador do DF, Cristovam Buarque, que derrotou pela primeira vez Roriz nas eleições de 1994. “Convido todos os candidatos a suspenderem hoje a campanha eleitoral, em respeito à memória do ex-governador Joaquim Roriz e em solidariedade à sua família e seus muitos eleitores.”, disse Buarque.