O bispo emérito dom Pedro Casaldáliga, de 92 anos, morreu neste sábado, 8, aos 92 anos, em Batatais, no interior de São Paulo, onde estava internado na UTI da Santa Casa local desde a última quarta-feira por conta de problemas respiratórios.
Catalão, ele nasceu como Pere Casaldáliga i Pia em Balsareny, na província de Barcelona, em 1928 e veio ao Brasil em 1968 para assumir a prelazia de São Félix do Araguaia (MT), em meio à ditadura militar, de quem foi ferrenho opositor
Ficou conhecido internacionalmente como defensor dos direitos humanos, sobretudo dos povos indígenas, e por sua oposição aos latifundiários e exploradores ilegais da Amazônia. Ajudou a criar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e também foi atuante na criação das chamadas comunidades eclesiais de base, que deram profundidade à militância política da Igreja Católica.
Durante a ditadura recebeu várias ameaças de expulsões do país pelos governantes militates, insatisfeitos com a sua pregação política, e contou com o apoio firme da ala progressista da Igreja Católica, liderada pelo arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns.
Dom Pedro, que sempre foi crítico também do comando da Igreja Católica instalado em Roma, renunciou à prelazia em 2005, já com a saúde abalada pelo Mal de Parkinson. Sua renúncia foi aceita pelo papa João Paulo II, com quem teve várias divergências, inclusive por sua ligação com a Teologia da Libertação, ala católica inspirada pela doutrina marxista.
Apesar de suas posições à esquerda, criticou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja eleição apoiou, por entender que ele ficou aquèm do que esperava em relação à proteção dos povos indígenas e à implantação da reforma agrária. O corpo do bispo deverá ser enterrado em São Félix deo Araguaia, mas ainda não foram divulgadas informações sobre as cerimônias fúnebres.