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Moro autoriza transferência de Aldemir Bendine a presídio

Juiz acatou pedido da Polícia Federal, que argumentava que a separação de Bendine dos demais presos limita a 'adequação segura' na carceragem da PF

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 ago 2017, 15h00 - Publicado em 4 ago 2017, 13h48
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  • O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, autorizou nesta sexta-feira que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, preso na 42ª fase da Lava Jato, deflagrada na semana passada, seja transferido da carceragem da Polícia Federal na capital paranaense ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

    O pedido de transferência foi feito pela PF, que argumentou ao magistrado que a necessidade de separar os detidos na última fase da operação dos demais custodiados na carceragem “tem limitado demasiadamente as alternativas de adequação segura dos presos”. Entre os detidos nas dependências da PF em Curitiba, destinada a delatores e investigados sob algum risco de segurança, está o empreiteiro Marcelo Odebrecht, cuja delação premiada foi decisiva à prisão de Aldemir Bendine.

    “A carceragem da Polícia Federal é prisão de passagem e a permanência nela depende de condições excepcionais, como é o caso da necessidade de proteção a condenados que celebraram acordo de colaboração premiada”, escreveu Moro na decisão. Ele também pontuou que “as instalações do Complexo Médico-Penal, da ala reservada ao presos da assim denominada Operação Lavajato, ainda que não perfeitas, são bastante adequadas”.

    Moro ainda ponderou que, ao longo dos três anos da Operação Lava Jato, não houve “qualquer incidente contra a integridade física dos presos ali mantidos”.

    Na última segunda-feira, o juiz federal converteu a prisão temporária de Aldemir Bendine em prisão preventiva, ou seja, o ex-executivo das estatais não tem prazo para deixar a cadeia. A decisão de Sergio Moro levou em conta novas provas reunidas pela PF nos mandados de busca e apreensão da Operação Cobra. Na casa de Bendine, os investigadores reuniram anotações manuscritas sobre assuntos de interesse do Grupo Odebrecht no Banco do Brasil, a exemplo de dados de financiamentos de empresas como a Odebrecht Ambiental, além de uma anotação que indicava um almoço com Fernando Reis, executivo da empresa e delator da Lava Jato.

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    Apontados pelos investigadores como operadores do pagamento de 3 milhões de reais em propina a Aldemir Bendine pela Odebrecht, os irmãos Antônio Carlos e André Gustavo Vieira da Silva, também detidos na carceragem da PF, não serão transferidos por enquanto. No ofício em que pediu a transferência do ex-presidente da Petrobras, o delegado Igor Romário de Paula informou a Moro que ambos “estão sendo ouvidos para fins de esclarecimentos de fatos relacionados ao material apreendido na operação policial”.

    Acusado por delatores

    Em seus acordos de delação premiada firmados com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Marcelo Odebrecht e o ex-executivo da Odebrecht Ambiental Fernando Reis informaram ter sido cobrados por Aldemir Bendine e emissários dele em dois momentos.

    No primeiro, quando Bendine estava à frente do banco estatal, o empresário André Gustavo Vieira da Silva, apontado pelos investigadores como operador dele, teria procurado a empresa pedindo 17 milhões de reais em troca do prolongamento de um empréstimo da Odebrecht Ambiental na estatal. Segundo as colaborações, esse primeiro valor não foi pago.

    Já em 2015, quando o executivo estava prestes a ser nomeado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) para o comando da Petrobras, Vieira da Silva teria voltado a fazer contato. Dessa vez, a solicitação foi de 3 milhões de reais e, conforme os delatores, foi cumprida. A contrapartida, dizem Odebrecht e Reis, era uma espécie de proteção à construtora dentro da petroleira em meio à Operação Lava Jato.

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