O juiz federal Sergio Moro autorizou a instalação de inquérito policial para investigar suspeita de pagamento de propina no valor de três milhões de reais pela Odebrecht a Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras nos governos do PT.
Moro determinou que o inquérito tramite em sigilo e apontou ser “necessária a melhor apuração dos fatos antes de qualquer conclusão”, em despacho com data de 9 de junho. Em seu pedido de abertura, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que os ex-executivos da Odebrecht Marcelo Odebrecht e Fernando Reais relataram em seus acordos de delação premiada que Bendine solicitou e recebeu pagamento de propina em troca de favorecer a empreiteira dentro da Petrobras.
“O valor teria sido supostamente pago por meio de três entregas em espécie, operacionalizadas pelo setor de operações estruturas da Odebrecht”, disseram os procuradores do MPF no pedido de abertura de inquérito para investigar possível ocorrência dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Bendine assumiu o cargo de presidente-executivo da Petrobras em fevereiro de 2015, indicado pela então presidente Dilma Rousseff após a deflagração da operação Lava Jato, e renunciou em maio de 2016 depois do impeachment da petista, sendo substituído por Pedro Parente.
No início de maio, quando surgiram as primeiras informações sobre suspeita de propina paga pela Odebrecht ao ex-executivo, o diretor-executivo de Governança e Conformidade da Petrobras, João Elek, afirmou a jornalistas que as irregularidades apontadas foram investigadas internamente e nada havia sido comprovado. Além disso, destacou que quando Bendine entrou na estatal a Odebrecht já estava em bloqueio cautelar, o que significa que não poderia fechar contratos com a petrolífera.
Em nota enviada a VEJA, a defesa de Aldemir Bendine afirma que ele “seja na gestão do Banco do Brasil, seja à frente da Petrobrás, sempre conferiu ao Grupo Odebrecht o mesmo tratamento dispensado a qualquer outra empresa, jamais tendo havido qualquer recebimento ou solicitação de vantagens indevidas. Está à inteira disposição da Justiça, para prestar todos os esclarecimentos que se façam necessários”. Procurada, a Petrobras não havia se posicionado ainda até a publicação desta nota.
(Com Reuters)