O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS), relator da CPMI da JBS, voltou atrás e desistiu de pedir o indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pelella. Marun, que já está definido para ser o próximo articulador político do presidente Michel Temer (PMDB), havia apresentado seu relatório pedindo que os dois procuradores fossem processados.
“Eles agiram com açodamento e não quero me equiparar àqueles que eu critico”, disse o parlamentar, durante sessão da CPMI na manhã desta quarta-feira, ao justificar a decisão de substituir o indiciamento por um pedido de “investigação profunda” ao Ministério Público Federal (MPF).
O deputado também retirou do relatório final o projeto de lei do deputado Wadih Damous (PT-RJ), que proibia que o MPF celebrasse acordos de delação premiada com investigados presos. O relatório continuará fazendo menções a esssa proposta, mas, em vez de incorporá-la, apenas recomenda que a Câmara a aprecie.
No que diz respeito ao ex-procurador Marcello Miller, aos empresários Joesley Batista e Wesley Batista e ao executivo da JBS Ricardo Saud, Carlos Marun manteve os pedidos de indiciamento.
O deputado do PMDB havia atribuído ao ex-procurador-geral da República os crimes de abuso de autoridade, prevaricação, incitação à subversão e calúnia ou difamação do presidente Michel Temer. O futuro secretário de governo de Temer concluiu que as acusações foram baseadas em provas frágeis e “inidôneas” produzidas pelos irmãos Batista em troca de um acordo de delação premiada.
Para o relator, Janot fundamentou sua ação apenas com a gravação de uma conversa entre Temer e Joesley fora da agenda oficial no Palácio do Jaburu. Carlos Marun foi anunciado no último sábado como novo ministro da Secretaria de Governo pelo presidente Temer em substituição a Antonio Imbassahy (PSDB). A posse foi adiada para quinta-feira justamente para que o deputado pudesse defender, na CPI, seu relatório.