Expoente entre os delatores da Lava-Jato e responsável pelas campanhas vitoriosas de Lula e Dilma Rousseff de 2006 a 2014, o publicitário João Santana reajustou no último mês o contrato de marketing que tenta apresentar ao público o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas pesquisas de intenção de votos, como a personificação da mudança entre os presidenciáveis eleitos e um político talhado para o público jovem.
Desde abril do ano passado, Santana, marqueteiro oficial da pré-campanha de Ciro, cobrava 250.000 reais mensais para a produção da imagem e das redes sociais do pedetista, incluindo o bem-sucedido Ciro Games, programa em que o político entrevista convidados, critica de modo informal declarações de adversários e, em um cenário moldado como simulacro de videogames, apresenta suas ideias para um eventual mandato como chefe do Executivo federal. A partir de março passado, porém, os valores desembolsados pelo PDT chegaram a 315.000 mensais por incluir agora as inserções de propaganda nacional partidária na TV. A sigla tinha direito a 40 inserções distribuídas entre os dias 1º e 8 de março, sendo dez informes por dia.
Com a necessidade de maior produção de pesquisas qualitativas e a chegada da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o presidente do PDT Carlos Lupi disse a VEJA que os honorários deverão ser reajustados mais uma vez e terá de negociar os valores a serem cobrados por João Santana e possivelmente parcelar a quitação do débito. As propagandas políticas de candidatos a presidente no rádio e na TV serão exibidas nos 35 dias anteriores à antevéspera do primeiro turno da eleição às terças, quintas e sábados.
Condenado na Lava-Jato por lavagem de dinheiro e hoje em regime aberto de cumprimento de pena, João Santana disse, em seus depoimentos de colaboração com a Justiça, que Dilma Rousseff deu um calote a ele no valor de 20 milhões de reais. A cifra era referente às campanhas de 2010 e 2014 e seriam honradas por meio de caixa dois. Nas delações da operação policial, o operador Zwi Skornicki e o ex-bilionário Eike Batista foram indicados pelos petistas como nomes a serem procurados para a solução do passivo.