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Mandetta aparece à frente de Doria e Amoêdo em pesquisa para a Presidência

Ex-ministro da Saúde que ganhou destaque no combate ao coronavírus também empata tecnicamente com Huck, segundo levantamento exclusivo do Paraná Pesquisas.

Por Da Redação Atualizado em 18 mar 2021, 20h23 - Publicado em 2 Maio 2020, 08h07
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  • O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro há pouco mais de duas semanas, em meio à pandemia do coronavírus, teria um bom desempenho caso desejasse disputar a Presidência da República em 2022, segundo levantamento exclusivo feito pelo instituto Paraná Pesquisas.

    Com 6,8% das intenções de voto, ele aparece numericamente à frente de outros nomes já posicionados há mais tempo na política nacional, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que neste cenário teria 4,4% dos votos – eles estão empatados tecnicamente porque a margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

    “A imagem dos candidatos é construída em grande parte por meio do currículo deles. O Mandetta tem um currículo curto, mas fantástico. Até hoje é o ministro, em memória, melhor avaliado governo Bolsonaro. Não acredito que esse potencial eleitoral tende a desaparecer. Eu diria que o Mandetta é um nome com potencial para alcançar dois dígitos na eleição, em função do desempenho que teve como ministro”, diz o cientista político Antonio Lavareda, especialista em pesquisas de opinião.

    O levantamento do Instituto Paraná foi feito entre os dias 26 e 29 de abril e já captou os efeitos de sua saída, no dia 16 de abril, do avanço do coronavírus pelo país e da crise política desencadeada com a saída rumorosa do ex-juiz Sergio Moro do governo.

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    Mandetta também aparece empatado – mas numericamente à frente – com João Amoêdo (Novo), que foi o quinto colocado na disputa presidencial de 2018 e se tornou a surpresa da corrida ao Palácio do Planalto que acabaria consagrando Bolsonaro. O ex-ministro da Saúde aparece à frente ainda – e fora da margem de erro – dos governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que tem 1,1% das intenções de voto, e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que consegue 1,4% (veja quadro abaixo).

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    “O Mandetta soube aproveitar a exposição que teve para se comunicar bem com a população. É o contrário do Doria, que tem exposição, mas fica com o potencial eleitoral muito restrito a São Paulo. Resta saber como o Mandetta irá manter esse capital. Como ele irá sobreviver politicamente sem cargos? Como ele irá se manter na mídia? É um fato que se o Brasil enfrentar uma situação de calamidade pública em função do coronavírus, o Mandetta ficará no imaginário da população como o ministro que estava certo”, afirma Murilo Hidalgo, diretor do instituto Paraná Pesquisas.

    Até se tornar a figura pública mais conhecida do país no combate à Covid-19, com suas entrevistas quase diárias envergando o colete do SUS (Sistema Único de Saúde), Mandetta era um político pouco conhecido. Médico, foi secretário estadual de Saúde de Campo Grande (MS) entre 2005 e 2010, quando era filiado ao MDB (então, PMDB), na gestão do prefeito Nelsinho Trad (na época também do PMDB, hoje PSD).

    Se elegeu deputado federal pelo DEM em 2010 e foi reeleito em 2018. Como parlamentar, votou pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) e pela abertura de processo de cassação do sucessor dela, Michel Temer (MDB). Médico e católico, votou contra a legalização do aborto, mas defendeu a legalização da maconha medicinal. Em 2018, anunciou a sua aposentadoria política e desistiu de disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados, mas voltou ao tabuleiro político ao ser indicado pela Frente Parlamentar da Saúde para ser ministro da Saúde de Bolsonaro, cargo que exercia com discrição até a eclosão da crise do coronavírus.

    Durante a pandemia, teve momentos de tensão com o presidente ao defender o isolamento social como uma ação importante para conter o avanço da Covid-19 – medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotada nos principais países do mundo. Bolsonaro era contra – menosprezava a doença, que chamou de “gripezinha”, e temia o impacto na atividade econômica – e confrontava ostensivamente a política do seu ministro, saindo para passear por Brasília, provocando aglomerações e apoiando a realização de manifestações de rua em favor do seu governo.

    Na briga com o presidente em torno do combate à pandemia, Mandetta aparentemente ganhou: segundo pesquisa Datafolha feita às vésperas de sua demissão, 71% dos consultados apoiavam suas ações, enquanto apenas 36% diziam o mesmo em relação às atitudes de Bolsonaro. A alta popularidade já animava os caciques do DEM em relação ao seu futuro eleitoral já no dia da saída. “Não temos dúvidas de que o ex-ministro Mandetta ainda contribuirá muito para a vida pública nacional”, disse o presidente nacional do partido, ACM Neto, prefeito de Salvador.

    Mandetta, que também já foi cogitado para disputar o governo do Mato Grosso do Sul em 2022, só tem uma certeza de seu futuro político: não quer voltar à Câmara. Em entrevista ao ex-colega de Parlamento e de partido Kim Kataguiri (DEM-SP), em uma livre no YouTube, no domingo 26, não descartou concorrer à Presidência da República ao ser questionado por pessoas que assistiam à entrevista. “Isso é um troço muito doido. Não saberia te dizer”, afirmou.

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