Lula quer que ex-diretor da PF seja ouvido como sua testemunha
Defesa do petista pede que Rogério Galloro seja convocado a prestar informações sobre episódio em que ex-presidente quase foi solto
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer ouvir o ex-diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Rogério Galloro, em um processo em que ela aponta que o desembargador Thompson Flores seria suspeito para analisar ações do petista na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O julgamento do pedido de suspeição está marcado para esta quarta-feira, 18.
O colegiado será responsável por julgar um recurso de Lula contra sua condenação no caso do sítio de Atibaia, que chegou ao TRF4 em meados de maio. De acordo com o presidente da 8ª Turma, o desembargador Leandro Paulsen, o colegiado pode julgar a ação até o fim do ano. Além de Paulsen e Flores, integra a turma o João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4.
Para os advogados, Thompson Flores deve ser declarado suspeito em razão de sua atuação, enquanto era presidente do TRF4, para impedir a soltura de Lula, em julho do ano passado. Naquela ocasião, o petista conseguiu um habeas corpus durante o plantão judicial, em um domingo, mas permaneceu preso após um vaivém de decisões.
Em uma entrevista, o ex-diretor da PF contou que, após a decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto, mandando soltar o ex-presidente, prevaleceu um telefonema de Flores, que deu ordem para mantê-lo na superintendência do órgão, em Curitiba. A defesa de Lula argumenta haver contradição nesta informação com a explicação prestada pelo desembargador, que negou ter dado qualquer ordem por telefone.
Em sua petição, a defesa pede que Galloro seja arrolado como testemunha para que preste os esclarecimentos diante de um juiz. Os advogados de Lula também querem que o desembargador explique a alegada contradição em relação às informações prestadas e esclareça se ele orientou informalmente o então juiz Sergio Moro no episódio.
Prazo
Os advogados de Lula também pedem que o julgamento da suspeição de Thompson Flores, previsto para a tarde desta quarta-feira, 18, seja remarcado. A defesa alega prejuízo à sua atuação e afirma que o processo, ajuizado no último dia 1º de julho, “vem tramitando com ímpar celeridade” e indica que a sessão foi marcada logo após parecer do Ministério Público Federal.
“Não há que se falar em normalidade processual em razão da repentina indicação de julgamento da exceção em processo que teve parecer apresentado ontem [terça-feira]”, diz a petição, que ainda indica que pedidos semelhantes levaram mais tempo para serem julgados.