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Lula prepara ofensiva contra garotos-propaganda da corrupção 

Campanha do presidente pretende usar na TV delações premiadas de Antonio Palocci e empreiteiros pilhados na Lava-Jato para tentar desgastar adversário

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 set 2022, 10h16
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  • A campanha do ex-presidente Lula (PT) prepara uma ofensiva jurídica junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar conter a mais recente estratégia do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) de explorar escândalos de corrupção petistas no programa eleitoral de rádio e televisão. As peças publicitárias da campanha bolsonarista que tratam abertamente de casos de corrupção do adversário representavam até a terça-feira, 6, apenas cerca de 20% de toda a propaganda, mas levantamentos internos do staff do atual mandatário mostram que relacionar a imagem de Lula a garotos-propaganda considerados problema, como o ex-ministro Antonio Palocci, que na Lava-Jato relatou entregas de dinheiro ao petista, e o operador do mensalão Marcos Valério, que em delação premiada detalhou esquemas de propina e vinculou setores do partido a uma facção criminosa, são um senhor dividendo eleitoral.  

    “Precisamos relembrar o histórico de corrupção do PT”, disse a VEJA um estrategista de campanha. Desde já conselheiros de Bolsonaro entraram em campo para listar outros rostos conhecidos do noticiário policial para serem vinculados à imagem de Lula. Na lista devem constar, por exemplo, empreiteiros como Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro, ambos acusadores do presidenciável e presos no petrolão. A própria campanha de Lula já detectou como provável o uso de delatores da Lava-Jato na propaganda bolsonarista e orientou o corpo jurídico a bater às portas do TSE sempre que depoimentos desses personagens forem exibidos. A ideia é tentar retirar do ar o mais rápido possível qualquer declaração de detratores que, na avaliação de petistas, foram usados politicamente na Lava-Jato para incriminar o ex-presidente.  

    “Vamos procurar o Judiciário para retirar qualquer material que for incompatível com decisões que reconheceram a ilegalidade dos processos contra o presidente. Isso vale, por exemplo, para delações premiadas que foram usadas politicamente para atingi-lo e para a exploração de condenações já anuladas ou derrubadas pela Justiça”, disse a VEJA o advogado de Lula, Cristiano Zanin, responsável pela ofensiva da campanha junto à Justiça Eleitoral. 

    Por trás da estratégia de usar as acusações contra o concorrente como cabo eleitoral estão pesquisas internas que mostram aversão de parte importante do eleitorado ao PT, mas também o diagnóstico de que uma parcela dos jovens que hoje afirma votar em Lula não se lembra ou desconhece notórios escândalos como o mensalão e o petrolão.

    Eleitores que com 16 anos podem votar pela primeira vez em outubro, por exemplo, sequer eram nascidos quando veio à tona o esquema de compra de parlamentares em 2005, durante o primeiro mandato de Lula, e que resultou na condenação de 24 pessoas, incluindo grão-petistas como o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. No caso da Lava-Jato, a avaliação do QG de Bolsonaro é que valeria a pena rememorar o que disseram delatores contra Lula – ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha anulado as condenações do petista por ter considerado o então juiz Sergio Moro parcial nos julgamentos. 

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