O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato a responsabilidade pelo acidente vascular cerebral (AVC) que causou a morte de sua mulher, Marisa Letícia Lula da Silva. A ex-primeira-dama morreu em fevereiro, após ficar dias internada para tratar de um aneurisma (má-formação de um vaso sanguíneo) no cérebro que se rompeu devido a um quadro hipertensivo.
“Esses meninos da Operação Lava Jato têm responsabilidade na morte dela. Acho que tem. Você não pode dedicar uma vida inteira a cuidar dos filhos, a fazer política de solidariedade, e de repente ser taxada de corrupta da forma mais banal possível, da forma mais cretina possível. Não tem explicação. Esses meninos criaram uma mentira, fizeram Power Point da mentira, e agora não sabem como sair da história”, disse Lula à rádio 95.1 FM, de Currais Novos, no Rio Grande do Norte.
No enterro de Marisa, o ex-presidente disse que a mulher havia morrido triste “por conta da canalhice e da maldade do que fizeram com ela”. “Os facínoras tenham um dia a humildade de pedir desculpas”, afirmou.
Marisa era ré em duas ações penais. Na primeira, ela era acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por uma reforma feita pela construtora OAS em um tríplex no Guarujá, que supostamente pertenceria a ela e a Lula. O ex-presidente foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz federal Sergio Moro por conta das acusações referentes a esse processo.
A segunda denúncia dizia respeito às relações do casal com a Odebrecht – segundo a procuradoria, a empreiteira beneficiou o petista em dois momentos: na compra de um terreno para o Instituto Lula (que nunca foi usado para isso) e na aquisição de um segundo apartamento, contíguo à cobertura onde o ex-presidente vive, em São Bernardo do Campo.
Lula repetiu na entrevista outras críticas que já vinha fazendo à imprensa e à Lava Jato durante a sua caravana pelo Nordeste, tradicional reduto político do PT. “É muito difícil você construir tudo o que construímos nesse país para meia dúzia de meninos — que tem como único serviço prestado à nação o concurso que fizeram — tentar destruir tudo”, disse.
O ex-presidente afirmou novamente que não há provas de atos ilícitos contra ele. “Tenho cinco inquéritos para responder. Eles inventaram cinco mentiras e, agora, tenho que gastar dinheiro com advogado e perder tempo indo a Brasília e a Curitiba, por causa da desfaçatez de uma banda do Ministério Público, sobretudo daquele pessoal da Lava Jato.”
A caravana de Lula terá fim no dia 5 de setembro, em São Luís, no Maranhão. O ex-presidente diz que a viagem não tem caráter eleitoreiro, mas tem repetido em discursos o desejo de concorrer à Presidência da República em 2018. Caso seja condenado em segunda instância no processo do tríplex, no entanto, o petista poderá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e terá a candidatura inviabilizada.