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Lula: de volta às ruas

Livre, o ex-presidente retomou as articulações políticas e incentivou o PT a subir o tom na oposição ao governo Jair Bolsonaro

Por Mariana Zylberkan
Atualizado em 4 jun 2024, 14h44 - Publicado em 27 dez 2019, 06h00
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  • O mantra “Lula livre”, que o PT ecoava desde a prisão do ex-presidente, em abril de 2018, virou realidade no dia 8 de novembro. Nessa data, o petista deixou a cela em Curitiba após 580 dias encarcerado em razão da condenação a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. A soltura ocorreu menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal ter mudado o entendimento sobre prisão em segunda instância e decidido que o cumprimento da pena só é permitido depois do trânsito em julgado. A reviravolta levou milhares de manifestantes às ruas em protesto contra a decisão e provocou uma movimentação de parlamentares interessados em mudar a legislação para desfazer o novo entendimento do Supremo. Livre, o ex-presidente retomou as articulações políticas e incentivou o PT a subir o tom na oposição ao governo Jair Bolsonaro — em discursos, mirou a política econômica de Paulo Guedes, a “entrega do país” a estrangeiros e o desmonte trabalhista e previdenciário. A estratégia reforçou o clima de polarização entre petismo e bolsonarismo, captado pela pesquisa VEJA/FSB divulgada em dezembro, na qual Lula empata tecnicamente com Bolsonaro no primeiro turno — tem 29% contra 32% (a margem de erro é de 2 pontos). Ainda inelegível pela Lei da Ficha Limpa, o petista quer reverter a situação na Justiça até 2022 e pretende fazer uma caravana pelo país para defender a tese de que sua condenação foi uma farsa arquitetada pelo ministro Sergio Moro quando era juiz da Lava-Jato. Em paralelo a isso, porém, terá de se defender de outros seis processos nos quais é réu. Em 10 de dezembro, suas preocupações aumentaram: seu filho Fábio Luís Lula da Silva foi alvo de uma operação que apura o repasse de 132 milhões de reais pela Oi/Telemar à Gamecorp/Gol, da qual é sócio, entre 2004 e 2016. A Lava-Jato chegou a pedir a prisão de Lulinha, mas a Justiça negou.

    Publicado em VEJA de 1º de janeiro de 2020, edição nº 2667

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