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Lava Jato diz que Aloysio procurou Gilmar em favor de Paulo Preto

Com base em mensagens e registros de ligações do celular do ex-senador, Lava Jato pede que PGR atue para retirar Gilmar de processos sobre engenheiro

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 mar 2019, 21h00 - Publicado em 6 mar 2019, 19h26
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  • A força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná afirma que o ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) atuou junto ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em favor do engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da estatal paulista Dersa e suspeito de ser operador de propinas para políticos do PSDB.

    Em petição à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, os integrantes da força-tarefa pedem que a PGR busque a suspeição do ministro nos processos que citam Souza e Aloysio Nunes.

    “Aloysio Nunes Ferreira Filho atuou, em interesse próprio e do também investigado Paulo Vieira de Souza, junto ao ministro Gilmar Mendes, valendo-se de relação pessoal com este, para produção de efeitos protelatórios em processo criminal em trâmite na 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo”, escreveram os procuradores.

    Como evidências dessa relação, os procuradores citam o habeas corpus que o advogado José Roberto Santoro, representante de Souza no Supremo, protocolou, com pedido de prevenção (indicação por julgamentos anteriores) a Mendes. Dois dias depois, Santoro enviou mensagem a Aloysio perguntando se o ex-senador “falou com o nosso amigo”.

    No dia seguinte, segunda-feira, dia 11 do mês passado, o tucano fez diversas tentativas de contato com o gabinete do ministro Gilmar Mendes. Posteriormente, recebeu um contato de número celular, atribuído ao ministro do Supremo, pelo ex-titular da Segurança Pública, Raul Jungmann. Questionado por Jungmann se havia conseguido contato, Aloysio respondeu: “Vago, cauteloso, como não poderia ser diferente.”

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    As mensagens constam do aparelho telefônico do ex-senador e ex-ministro, que foi apreendido na 60ª fase da Lava Jato, quando o ex-diretor da Dersa voltou a ser preso, pela suspeita de ter atuado de forma ilícita em favor da empreiteira Odebrecht. No dia 13, Gilmar concedeu um dos pedidos formulados pela defesa de Paulo Preto.

    No dia seguinte, outras duas mensagens envolvendo Aloysio Nunes foram coletadas. Na primeira, ele é avisado da decisão pelo advogado José Santoro. Na sequência, o tucano envia um recado a Raul Jungmann: “Nosso causídico é foda!”. A sequência foi interpretada pelo MPF como a evidência necessária de que a atuação de Aloysio junto a Gilmar surtiu o efeito desejado em favor do ex-diretor da Dersa.

    Quando da realização da operação, a Lava Jato afirmou, na petição enviada à Justiça, que o ex-senador recebeu, em um hotel na Espanha, um cartão de crédito atribuído a Paulo Preto. Aloysio era o chefe da Casa Civil de São Paulo, durante a gestão do ex-governador José Serra (PSDB), no mesmo período em que o engenheiro dirigia a Dersa. Em 2010, ele deixou o cargo para se eleger senador por São Paulo.

    Procurado, ex-senador afirmou que não vai se manifestar “até se inteirar dos fatos”. O advogado José Roberto Santoro não se manifestou até a publicação desta nota. O ex-ministro Raul Jungmann disse que apenas se limitou a compartilhar com Nunes o contato do ministro Gilmar Mendes e apenas indagou se o tucano havia conseguido falar com o magistrado. Contatado por meio de seu gabinete, Mendes não retornou as ligações.

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