O juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou a retenção de 70% do salário do sargento aposentado da PM Ronnie Lessa, réu preso e apontado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como o executor do atentado contra a vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
VEJA apurou que os salários de Lessa estão bloqueados desde julho deste ano. De acordo com o site da Rioprevidência, os rendimentos atuais do policial aposentado são R$ 8.191,53 brutos.
A defesa do PM reformado entrou com um recurso detalhando as contas e os custos de vida dos três filhos do réu – dois deles são menores de idade. Atualmente, eles vivem com os avós. A mulher de Lessa, Elaine Lessa, também está presa – ela é acusada de tramar um descarte de armas do marido no mar um dia após a prisão do sargento reformado, que ocorreu em 12 de março de 2019.
O magistrado determinou, então, que 30% dos proventos fossem dedicados “para fins de sustância de eventuais filhos menores e dependentes” diante da “natureza alimentar” do caso.
A defesa de Lessa informou a VEJA que irá recorrer da decisão.
Outros bens de Lessa já foram bloqueados pela Justiça em março deste ano. De acordo com o MP do Rio, Lessa “levaria vida incompatível com seus proventos de sargento da PMERJ reformado, considerando seu alegado endereço residencial e, por exemplo, o suposto aluguel de casa de luxo para passar o carnaval, além da possível propriedade de bens móveis luxuosos em nome de terceiros”.
Dentre os bens bloqueados pela Justiça, estão uma casa no condomínio Vivendas da Barra, residência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), avaliada em R$ 1,2 milhão, um terreno em Angra dos Reis, no valor de R$ 500 mil, um sítio em Mangaratiba, cujo valor seria R$ 300 mil, e uma lancha avaliada em cerca de R$ 350 mil, além de dinheiro em espécie em um total de R$ 111 mil encontrado na casa de Lessa e de seus pais.
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Clique e AssineMarielle e Anderson foram assassinados a tiros em uma emboscada no bairro de Estácio, região central do Rio, em março de 2018. Apontado como motorista do Chevrolet Cobalt clonado que cercou o carro em que a vereadora e o motorista estavam, Élcio de Queiroz está preso junto a Lessa na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Ambos irão a júri popular. A data do julgamento, no entanto, ainda não foi marcada.