Três delegados da Polícia Federal (PF) terão de prestar depoimento em uma ação movida pela ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva após a divulgação do conteúdo de ligações telefônicas dela, interceptadas pela Operação Lava Jato em 2016. No processo, o espólio de Marisa Letícia, que morreu em fevereiro de 2017, pede que a União seja condenada ao pagamento 100 000 reais de indenização por danos morais.
Serão ouvidos na ação, sob responsabilidade da 24ª Vara Federal Cível de São Paulo, os delegados Igor Romário de Paula, Luciano Flores de Lima e Márcio Adriano Anselmo. Os três foram arrolados como testemunhas de defesa pela União.
Romário coordena a equipe de delegados da PF na Lava Jato no Paraná, enquanto os demais, que atuaram nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras, já deixaram a força-tarefa. Anselmo está à frente da Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção da PF desde abril de 2018, e Flores de Lima tomou posse como superintendente da corporação em Mato Grosso do Sul em março.
Os grampos telefônicos que registraram conversas de familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo Marisa Letícia, foram feitos no âmbito da Operação Aletheia, 24ª fase da Lava Jato, com autorização do juiz federal Sergio Moro. Foi o magistrado o responsável pela divulgação do conteúdo, em março de 2016.
Nas ligações telefônicas, a ex-primeira-dama aparece conversando com noras e filhos, em diálogos que não seriam úteis às investigações contra Lula. Em um telefonema com Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, irritada com um dos panelaços contra o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), Marisa classifica os manifestantes como “coxinhas” e diz: “Devia enfiar essas panelas no c…”.
A Justiça Federal paulista também autorizou, a pedido da defesa da ex-primeira-dama, que sejam ouvidos como testemunhas Wilson Liria e as noras dela, Marlene Araújo Lula da Silva e Fátima Rega Cassaro da Silva. Marlene é casada com Sandro Luís Lula da Silva, e Fátima é mulher de Luís Cláudio Lula da Silva.