O ex-procurador geral da República Rodrigo Janot afirmou nesta quarta-feira que “só pode ser brincadeira” a declaração do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, que, ao tomar posse no cargo, pôs em dúvida se uma mala com 500.000 reais em dinheiro vivo seria prova suficiente de crime de corrupção.
“Acho que isso deve ter sido uma brincadeira”, reagiu Janot, que participou do evento de 25 anos do escritório de advocacia Lacaz Martins, Pereira Neto, Gurevich & Schoueri, em São Paulo.
Na cerimônia de sua posse, no último dia 20, Segovia criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR) que, na gestão Rodrigo Janot, denunciou duas vezes o presidente Michel Temer, a primeira delas pelo crime de corrupção passiva no caso da mala com 500.000 reais entregue por um executivo da JBS ao ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures (PMDB).
“Uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa de que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, declarou o diretor da PF. Na ocasião, por meio de sua conta no Twitter, Janot questionou se o chefe da PF estava dizendo aquilo a mando de alguém.
“Você pegar uma mala com 500.000 reais dentro, resultado da prova de uma ação controlada autorizada pelo Supremo Tribunal Federal e dizer que uma mala só não é prova de crime… 500.000 reais, quantos brasileiros ganham 500.000 reais por ano?”, provocou o ex-procurador nesta quarta-feira. “Eu, como procurador da República, não ganho 500.000 reais por ano. Agora, você vai dizer que… Só pode ser uma brincadeira”, completou Janot.