A imprensa mundial voltou os olhos para a cerimônia de posse de Jair Bolsonaro nesta terça-feira 1. Embora apenas dez chefes de Estado tenham comparecido ao evento, alguns dos maiores veículos internacionais destacaram a transição.
Com constância, os veículos estrangeiros compararam o novo presidente brasileiro a Donald Trump e apontaram uma mudança radical nos rumos da política, utilizando o termo “extrema direita”. Declarações de Bolsonaro, como “vamos libertar o Brasil do socialismo” e o lema “Deus acima de tudo, Brasil acima de todos”, tiveram grande repercussão.
Confira detalhes de diferentes coberturas:
BBC (Inglaterra)
O veículo britânico descreveu Bolsonaro como “capitão reformado de extrema direita”. A reportagem sobre a posse traz declarações de eleitores que viajaram até Brasília para acompanhar a cerimônia e traça um perfil do presidente, no qual analisa se ele pode ser chamado de “Trump dos trópicos”.
Clarín (Argentina)
O jornal argentino destacou a promessa de Bolsonaro de “libertar o Brasil da corrupção, criminalidade e submissão ideológica”. O forte esquema de segurança montado para a cerimônia de posse foi chamado de “descomunal” e uma análise da correspondente Eleonora Gosman ouviu personalidades do mercado e da política que apontaram os principais desafios para o presidente. Ao fim do texto, é abordado o temor de que o novo governo brasileiro afaste o país do Mercosul.
CNN (Estados Unidos)
Nesta terça-feira 1, a rede de notícias americana não apresentava em seu portal nenhuma matéria sobre a cerimônia de posse, mas sim um texto do dia anterior apresentando o novo presidente como uma incógnita e listando algumas das bandeiras que defendeu recentemente, como o apoio à liberação da posse de armas e transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. Algumas semelhanças com Trump são mencionadas, mas a “experiência política” de Bolsonaro é considerada um diferencial.
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Corriere della Sera (Itália)
Sem mencionar a questão com Cesare Battisti de forma destacada, a cobertura ao vivo do jornal italiano chamou Bolsonaro de “líder da extrema direita” e “populista”. A publicação transcreveu trechos dos discursos e descreveu cada momento da cerimônia.
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Diário de Notícias (Portugal)
O jornal lusitano destacou a fala de Bolsonaro: “este é o dia em que o Brasil começou a libertar-se do socialismo”. Um detalhado minuto a minuto da posse descreveu cada momento. Em artigo de opinião, Leonídio Paulo Ferreira apontou a importância de que o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, se reúna com o presidente brasileiro. Sousa foi o único chefe de Estado da União Europeia presente na cerimônia.
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El País (Espanha)
O maior jornal espanhol cobriu a cerimônia de posse minuto a minuto. Em análise assinada pela jornalista Carla Jiménez, afirmou que o Brasil entra em “uma nova era com a extrema direita”. Bolsonaro é descrito como um “político com gestos autoritários que lembra com nostalgia dos tempos de ditadura”.
Le Monde (França)
O jornal estampou, na capa de seu portal, uma foto de Bolsonaro com um chapéu de cowboy e descreveu seu governo como “extrema direita”. Em uma análise, prevê disputas ideológicas no Brasil nos próximos meses, incluindo “estatistas” x “liberais” e “pró-americanos” x “pró-asiáticos”.
The Guardian (Inglaterra)
A posse de Bolsonaro foi descrita como “o dia que o Brasil progressista temia”. Em uma análise crítica, o jornal diz que direitos de minorias e avanços ambientais passam a correr risco no país.
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The Jerusalem Post (Israel)
O Haaretz, principal jornal israelense, deu pouco destaque para a cerimônia da posse em si, dedicando maior cobertura ao encontro que o premiê israelense Benjamin Netanyahu teve com o secretário de Estado americano Mike Pompeo antes da posse. Já o The Jerusalem Post, também um dos maiores do país, mostrou Netanyahu abraçando Bolsonaro, descrito como um “admirador da ditadura”.
The New York Times (Estados Unidos)
Sem cobertura ao vivo da posse, o jornal americano publicou uma análise sobre o atual contexto brasileiro. Ela diz que “os brasileiros queriam mudanças e Bolsonaro as entrega antes mesmo de assumir”. Um exemplo apontado foi a desistência do país em sediar a Conferência do Clima da ONU e o rompimento com Cuba no programa Mais Médicos. O artigo também comenta as impressões de que o governo de Donald Trump considera o presidente brasileiro um chefe de Estado com “ideias afins”, com quem Washington espera confiar para conter a crescente influência da China na região e pressionar o governo da Venezuela.