O Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal denunciou nesta quinta-feira o ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RJ) pelo crime de lavagem de dinheiro. Decorrente das investigações realizadas no âmbito da Operação Sépsis, a acusação foi enviada à 10ª Vara da Justiça Federal. Alves está preso desde junho de 2017 em Natal.
Se a denúncia for aceita, o peemedebista se tornará réu e será julgado. O caso é referente às transações financeiras que Alves teria feito para encobrir propina supostamente recebida por ele da Carioca Engenharia, uma das responsáveis pela obra Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Segundo o MPF, o ex-ministro realizou transferências e movimentações financeiras eletrônicas de uma conta titularizada por uma offshore, da qual ele era beneficiário econômico, para outras contas sediadas em paraísos fiscais.
De acordo com a denúncia, Alves se associou ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ao ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e a Alexandre Rosa Margotto com o objetivo de obter propinas na concessão de aportes do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) e das carteiras administradas do FGTS em diversas empresas. Alves, Cunha, Funaro, Cleto e Margoto já foram denunciados e são réus em outro processo aberto a partir da Sépsis.
Ainda conforme a acusação, a Carioca, a pedido de Eduardo Cunha, transferiu a propina para uma conta titularizada pela empresa offshore Bellfield, cujo beneficiário era Henrique Alves, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2011.
Para os procuradores que assinam a ação, essas informações foram confirmadas por farta documentação oficial fornecida pelas instituições financeiras internacionais, decorrente da transferência da persecução penal de Henrique Alves da Suíça para o Brasil. Também foram levadas em consideração as delações premiadas dos sócios da empreiteira, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, que confirmaram as transferências para contas no exterior.
Segundo os procuradores da República, o ex-ministro movimentou eletronicamente 3 milhões de reais da conta Bellfield em três datas, entre fevereiro de 2014 e março de 2015, para contas nos Emirados Árabes Unidos (Dubai) e no Uruguai.