A reportagem publicada nesta quinta-feira, 18, pelo jornal Folha de S. Paulo de que empresários pagaram para espalhar no WhatsApp mensagens contra o PT despertou no discurso do presidenciável petista, Fernando Haddad, algo que seu partido sempre criticou ao longo da Operação Lava Jato: prisões como meio para obter delações premiadas.
Por meio de sua conta no Twitter, Haddad defendeu que seja detido ao menos um dos empresários envolvidos no suposto esquema – que pode configurar crime eleitoral – “que ele vai fazer delação premiada e entregar a quadrilha toda”.
“Se prender um, em menos de dez dias vamos ter a lista de todos os empresários que estão financiando o caixa 2 pra essa campanha difamatória”, completou o ex-prefeito de São Paulo. O PT entrou com uma ação pedindo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analise se houve crime eleitoral e, se houve, decida pela cassação da chapa de Bolsonaro.
Em outra postagem na rede social, Haddad voltou à carga. “Sabíamos que milhões de notícias falsas estavam sendo distribuídas, só não sabíamos quem estava patrocinando. Se um dos empresários for preso, eu tenho certeza que vai abrir a boca e falar a mando de quem fez o que fez”.
O desejo de Haddad é frontalmente contrário àquilo que o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), um dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluiu no Projeto de Lei 4372/16, em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2016. Damous pretende que “somente será considerada para fins de homologação judicial a colaboração premiada se o acusado ou indiciado estiver respondendo em liberdade ao processo ou investigação instaurados em seu desfavor”.
O parlamentar ainda defende que se torne crime “divulgar o conteúdo dos depoimentos colhidos no âmbito do acordo de colaboração premiada, pendente ou não de homologação judicial”.
O tuíte do presidenciável também se desencontra com o discurso petista em relação a delações premiadas que atingem em cheio o partido. As revelações do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, caso mais recente e preocupante ao PT, foram classificadas por petistas como produto do “desespero” do ex-aliado para deixar a cadeia.
“Evidencia o desespero de quem quer salvar a própria pele”, afirmou Dilma Rousseff, citada pelo ex-ministro como beneficiária de campanhas eleitorais que consumiram 1,4 bilhão de reais, quase o triplo do declarado ao TSE. “É a palavra do Palocci no desespero para viver em liberdade com os milhões que ele acumulou”, avaliou Gilberto Carvalho, um dos petistas mais próximos a Lula.
Os deputados Carlos Zarattini (SP) e Paulo Teixeira (SP) também desmereceram o conteúdo da delação de Antonio Palocci. “Palocci está preso desesperado para sair. E há duas regras: primeiro prende para a pessoa falar, segundo fala do Lula que você sai”, disse Teixeira; “Ele não tem prova alguma, quer é sair da cadeia”, completou Zarattini.