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Há 4 anos, sinto que a PF vai entrar na minha casa, diz Carlos Bolsonaro

Em rara entrevista, Zero Dois disse que se sente perseguido, que recebe ameaças e que o Brasil vive hoje uma "democracia relativa"

Por Ricardo Chapola
15 out 2023, 18h26

Filho Zero Dois do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em uma rara entrevista, afirmou que convive com o incômodo de que vai ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) há pelo menos quatro anos, criticou o Poder Judiciário sem citar nomes, sugeriu que a Justiça tem a intenção de atingir seu pai e disse que o Brasil vive hoje uma “democracia relativa”.

Carlos conversou por cerca de duas horas com Bárbara Destefani, influenciadora, dona do PodAtualizar, alvo do inquérito das fake news junto com o vereador e que chegou a ter as redes retiradas do ar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. O nome do ministro não é citado ao longo do bate-papo.

“A sensação que eu tenho é que a PF vai entrar na minha casa há quatro anos. Por quê? Confesso que não sei. Mas nada impede que isso aconteça. É uma guerra psicológica que fazem conosco. Todo dia a gente pensa: caramba, será que a PF vem na minha casa hoje? Não tem como não ficar incomodado com isso, né”, afirmou Carlos, ao responder uma pergunta sobre a perseguição à família Bolsonaro.

O vereador falou sobre as investigações da polícia e da justiça. Citou especificamente o inquérito dos atos de 8 de janeiro, no qual as suspeitas são de que Jair Bolsonaro teria estimulado manifestantes a invadir a Praça dos Três Poderes, como parte de um roteiro de um suposto golpe.

Para o Zero Dois, o Supremo tem um objetivo claro: pegar Jair Bolsonaro, a quem, em diversos momentos da entrevista, o filho chama de “ídolo”. “É inacreditável como a gente não tem acesso aos inquéritos, para entender o que está acontecendo. Não faço a mínima ideia de em quantos fui citado. Eu sei que o cerco vai se fechando, né? Onde isso vai dar? Ninguém sabe”, disse Carlos.

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No entendimento do vereador, o Brasil vive “uma democracia relativa”, na medida em que integrantes da direita receberiam tratamentos diferentes na justiça em relação a quem apoia a esquerda. “A gente tem que enfrentar o problema de cabeça erguida, ou estaremos fadados ao que querem que a gente seja: gados. Você acha que, se tivesse algo contra mim, já não teriam partido para cima, para atingir o alvo maior que eles querem?”, questionou.

Em um dos inquéritos do STF, Carlos Bolsonaro é apontado como o principal nome do que ficou conhecido como “gabinete do ódio” – uma estrutura teoricamente organizada, voltada à produção e difusão de notícias falsas durante a gestão de Jair Bolsonaro na Presidência. Bárbara, de acordo com as investigações, também faria parte desse grupo. Os dois abordam esse tema durante a entrevista e ironizaram a acusação. Ambos sustentam que se trata de um movimento orgânico.

Carlos também foi questionado sobre ameaças. O Zero Dois relatou um suposto ataque a seu gabinete no Rio de Janeiro em agosto deste ano. Segundo o vereador, o vândalo teria se identificado como um petista e eleitor de Lula, mas foi solto em seguida. “Recebo ameaças 24 horas por dia. Há dois meses, meu gabinete foi depredado. Se eu estivesse lá, acredito que poderia acontecer alguma coisa ruim. Jogaram pedras de fora para dentro. Mas dizem que só é mais um maluco na história”, complementou.

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