Governador do MS, Reinaldo Azambuja é alvo de operação da PF
Tucano é alvo de busca e apreensão em investigação que apura benefícios fiscais a 'uma grande empresa do ramo frigorífico'
A Polícia Federal deflagrou, na manhã quarta-feira, a Operação Vostok, que investiga práticas “de um esquema de pagamento de propina a representantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo estaduais, além do Tribunal de Contas do Estado, no Mato Grosso do Sul”. Um dos alvos de mandados de busca é o atual governador do estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), candidato à reeleição.
As investigações dizem respeito a um esquema de vantagens obtido por “uma grande empresa do ramo frigorifico” e confessado em delação premiada. A empresa recebia, segundo a PF, descontos em créditos tributários, valores de impostos que deixa de pagar, em troca de repassar uma parte para servidores públicos. A fraude é estimada em mais de 200 milhões de reais.
“Segundo apurado, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um porcentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada. Nos autos do inquérito, foram juntadas cópias das notas fiscais falsas utilizadas para dissimulação desses pagamentos e os respectivos comprovantes de transferências bancárias”, diz a nota.
Em 2017, em acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), executivos do grupo J&F, de Joesley e Wesley Batista, acusaram Azambuja e dois ex-governadores, Zeca do PT (PT) e André Puccinelli (MDB) de terem recebido 150 milhões de reais oriundos de um esquema semelhante. Foi Azambuja o autor de uma ação que tentava anular o acordo dos irmãos Batista, rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Procurada por VEJA, a PF não confirma se tratar da J&F.
Ao todo, 220 policiais federais cumprem 41 mandados de busca e catorze de prisão temporária, autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). São suspeitas de participação no esquema empresas do setor agropecuário, pequenos pecuaristas, um deputado estadual e um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), que, diz a PF, auxiliaram na emissão de “notas frias”.