O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse na noite desta quarta-feira que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ainda não definiu se vai unir em uma só pasta os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. O anúncio da ideia de fusão causou protestos na Frente Parlamentar da Agricultura, a chamada bancada ruralista, que vê a proposta com desconfiança.
“O presidente ainda não bateu o martelo”, afirmou Onyx. “Ele está analisando mais de um desenho de organização de ministérios. O que tem é o conceito: de 29 pastas vai cair para 14, 15 ou 16. Eu vou levar uma série de informações a ele na sexta-feira e, na próxima terça, ele vai anunciar a estrutura ministerial.”
Onyx deu as declarações após se reunir com o senador Ronaldo Caiado (DEM), governador eleito de Goiás. Nos bastidores, até aliados de Bolsonaro têm afirmado que a junção de Agricultura com Meio Ambiente seria “nitroglicerina pura”.
Críticas
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, também já se mostrou contrário à fusão dos dois ministérios e também chegou a dizer que a proposta seria revista. A fusão também foi criticada pelo atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Segundo ele, a proposta traria prejuízos ao agronegócio brasileiro, muito cobrado pelos países da Europa, que exigem preservação ambiental.
Maggi ponderou também que o Meio Ambiente trata de questões em áreas não ligadas ao agronegócio, como energia, infraestrutura, mineração e petróleo, assuntos que seriam de difícil conciliação com a fusão. “Como um ministro da Agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios?”, questionou.
Transição
A nova configuração da Esplanada não foi antecipada pelo futuro ministro, sob o argumento de que há várias propostas sendo avaliadas. Questionado sobre quais ministérios ficariam sob o guarda-chuva de Infraestrutura, ele disse apenas que “há dois modelos em estudo”.
Mais cedo, em reunião no Palácio do Planalto com o atual chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, Onyx entregou uma lista com 22 nomes que vão compor a equipe de transição do governo Bolsonaro. O presidente eleito pode contar com até 50 assessores na transição. “Agora, começamos uma nova fase, que é de falar pouco e trabalhar muito para apresentar resultado”, disse ele, esquivando-se de responder mais perguntas.