Há quatro anos, o engenheiro civil João Campos, então com 20 anos, viu sua vida mudar inteira de uma vez. O pai, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) faleceu em um acidente aéreo durante sua campanha à Presidência da República.
Apontado como herdeiro de uma família que atua diretamente na política do estado há quase três décadas, João se movimenta a passos largos, agora aos 24 anos, para entrar de vez na política em 2018. A ideia é ser o nome que irá liderar os votos do PSB para a Câmara dos Deputados. “Tenho grandes chances de ser candidato a deputado. A definição final será feita com o partido, mas caminhamos para isso”, afirmou ele a VEJA.
João Campos foi um dos 100 aprovados para integrar a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), uma entidade multipartidária que forma e reúne lideranças em torno de três pontos: renovação política, ética e desenvolvimento sustentável. O grupo é liderado pelo empresário Guilherme Leal, candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva em 2010, e mantido por doações privadas, entre elas de grandes empresários, como Jorge Paulo Lemann.
O filho de Eduardo Campos falou com VEJA na apresentação dos aprovados da Raps em 2018, com nomes que vão do líder indígena Almir Suruí à vereadora Adriana Ramalho (PSDB) — líder tucana na Câmara Municipal de São Paulo.
Colocado em palanque para representar a família poucas semanas após a morte do pai, João, no entanto, não é o único a disputar a “herança”. Sua prima, a vereadora do Recife Marília Arraes, ingressou no PT e pretende disputar o governo contra Paulo Câmara (PSB), eleito com o apoio da família, e que terá novamente a bênção dos Campos. “Nosso candidato é Câmara. Marília precisa ser apoiada pelo partido dela. O nosso [PSB] estará com a reeleição do governador.”
A prima se afastou do PSB alegando que a legenda “é um partido que hoje não tem compromisso ideológico nenhum”, como definiu a um jornal local no começo deste mês. O engenheiro evitou polemizar com a prima. “Paulo Câmara é a continuidade do projeto de Miguel Arraes e Eduardo Campos. Agora, a Marília é de um partido e eu sou de outro.”
Joaquim Barbosa
Questionado sobre a fragmentação do PSB, dividido entre diversos palanques, João Campos afirmou que o processo “é natural”. “Estamos conversando com diversos candidatos”, argumentou.
Sobre a postulação do ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), João desconversou, mas admitiu que reduziram as chances que ele dispute a Presidência da República pela legenda. “Nós temos alguns quadros que conversam com ele, mas até agora não há unidade no partido a esse respeito.”
João Campos – que, assim como a família, apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno de 2014 –, defendeu o movimento da mãe, Renata, e do governador Câmara, que nesta semana visitaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Temos que conversar com todos os lados e candidatos. Paulo Câmara recebeu Manuela D’Ávila [pré-candidata do PCdoB]. Ciro Gomes [PDT] teve uma conversa ótima conosco também. Natural a visita ao presidente Lula”, argumentou.
Márcio França
Independentemente de qual for o cenário nacional, o engenheiro disse que “não há problema” na posição do vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), de apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). “Ele vai suceder Alckmin. Não há problema, é coerente com a posição dele. O Márcio tem o apoio do partido.”
Questionado sobre as notícias de que França poderia trocar os socialistas pelo PSDB para ser candidato, o filho de Campos descartou. “Acho muito difícil porque o Márcio pode contar com o PSB. O partido considera a candidatura dele como muito importante dentro dos planos para 2018. Seria uma escolha pessoal, mas não vejo necessidade disso.”