O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) homologou os acordos de delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS. Os detalhes da delação ainda seguem oficialmente em sigilo, embora já tenham provocado uma hecatombe política em Brasília desde que trechos das revelações de Joesley vieram a público, em reportagem do jornal O Globo.
Por ora, Fachin decidiu que não vai levar pedidos que negou em decisão individual, como as solicitações de prisão do senador Aécio Neves (PSDB) e do deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), embora pudesse fazê-lo. Segundo Fachin, caso o Ministério Público Federal recorra da decisão de não prender os dois parlamentares, a ordem é para que o tema seja pautado imediatamente.
“Determino, desde logo, que o gabinete proceda à inclusão incontinenti em pauta, à luz do calendário como definido pela Presidência, eventual recurso em face desta decisão, a fim de que, no tempo mais breve possível, seja ao exame e à deliberação do colegiado do tribunal pleno submetida a matéria em tela, assim que instruída, se necessário for, a irresignação recursal respectiva”, disse o ministro. Tanto Aécio quanto Rocha Loures estão afastados da função parlamentar.
De acordo com O Globo, que revelou a delação premiada nesta quarta-feira, o presidente do PSDB teria pedido 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista e dito ao empresário que o valor custearia o trabalho do advogado Alberto Zacharias Toron. A conversa teria durado 30 minutos e foi gravada em um hotel em São Paulo.
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, teria dito Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”, teria respondido Aécio, em uma suposta referência a seu primo Frederico Pacheco de Medeiros.
Ainda segundo a publicação, o dinheiro foi entregue em quatro parcelas de 500.000 reais a Medeiros pelo diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud. Uma das entregas teria sido filmada pela Polícia Federal, ocasião em que Frederico Medeiros teria repassado o dinheiro a Mendherson Souza Lima, secretário do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
O jornal também informa que a PGR tem indícios de que essa parte do dinheiro não foi destinada ao pagamento do advogado. A PF teria seguido Souza Lima, que fez três viagens de carro a Belo Horizonte para levar a propina. Ele teria remetido os 500.000 reais à empresa Tapera Participações Empreendimentos Imobiliários, de Gustavo Perrella, filho de Zezé Perrella.