Depois das pouco mais de três horas da primeira reunião do presidente Jair Bolsonaro com sua equipe ministerial o Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (3), o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou a jornalistas que as exonerações de cerca de 320 servidores comissionados e em cargos de confiança da pasta é parte do esforço do novo governo para “acabar” com “ideias socialistas e ideias comunistas” que, em suas palavras, levaram o país ao “caos” nos últimos 30 anos.
A fala de Onyx, que havia anunciado a “despetização” do governo, ecoa o discurso do presidente ao tomar posse, de que sua gestão acabaria com o “socialismo” no país. “Não há nenhum sentido termos, em um governo com o perfil que nós temos, pessoas que defendem uma outra lógica, um outro sistema político e uma outra organização da sociedade”, afirmou Onyx.
Ele ainda disse que faltou “coragem” ao governo do ex-presidente Michel Temer para “limpar a casa logo no início”.
“É um jeito de podermos tocar nossas ideias e fazer aquilo que a sociedade brasileira decidiu por maioria, dar um basta nas ideias comunistas e socialistas que por 30 nos levaram a esse caos que nós vivemos hoje de desemprego, de desestruturação do Estado, de insegurança das famílias, de má prestação da saúde e de escola que, em vez de educar, doutrina”, declarou.
Segundo o ministro, Bolsonaro estimulou os demais ministros a procederem de maneira semelhante. “Este conceito de que nós temos que rever está perpassando todo o governo, para desaparelhar e permitir que o governo possa executar suas políticas”.
A nova equipe ministerial também foi orientada, conforme o chefe da Casa Civil, a produzir relatórios sobre as indicações, exonerações e destinação de recursos aos ministérios nos últimos 30 dias. Onyx afirmou que o governo detectou “movimentação incomum” nestas áreas no período que “causou estranheza”.
Em relação aos exonerados de sua pasta, o ministro reafirmou que serão feitas entrevistas que analisarão critérios técnicos “e depois quem é que indicou, como chegou”.
Onyx Lorenzoni disse ainda que a ocupação de cargos no segundo e no terceiro escalões, assim como postos da máquina federal nos estados, atenderá a critérios técnicos. A montagem do ministério de Bolsonaro já havia subvertido a lógica de indicações partidárias e deu preferência a bancadas temáticas do Congresso nos diálogos.
As superintendência regionais de ministérios, por exemplo, são alguns dos cargos mais cobiçados por deputados e senadores, já que a indicação dos ocupantes dessas vagas permite uma atuação próxima ao eleitor na cidade e a prefeitos.
“Quando for autorizado ocupar os espaços regionais, quem vai dar a palavra final é o ministro da pasta. Ele vai analisar, avaliar a sintonia e só depois do ‘ok’ do ministro é que as questões regionais serão resolvidas”, declarou.
Na entrevista, Onyx relatou que, depois de acabar com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, o presidente determinou que seja passado um “pente-fino” nos conselhos ligados às pastas. “Vamos agora revisar todos os conselhos que existem, porque nos últimos anos eles contam na a casa das centenas e todos eles com um número muito grande de pessoas”, anunciou.
Cada titular da esplanada dos Ministérios também deverá fazer um levantamento dos imóveis de cada pasta nos estados. O governo pretende vender parte deles e rever todos os contratos de locação.