O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse no final da manhã desta quarta-feira, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que está com a consciência tranquila em relação ao julgamento de seu recurso no Tribunal Regional Federal (TRF4) porque não cometeu nenhum crime.
Ele recorre de condenação pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido da empreiteira OAS um tríplex no Guarujá. “Estou extremamente tranquilo e com a consciência de que não cometi nenhum crime. A única coisa certa que pode acontecer é eles dizerem que o Moro errou”, afirmou.
Lula está acompanhando o julgamento na sede do sindicato, do qual foi presidente durante os anos da ditadura militar (1964-85), cargo que impulsionou sua carreira política e a própria fundação do PT. “Esse sindicato, desde que foi fundado em 1959, mudou a história deste país. Eu sei o que ele significa para a democracia”, afirmou. ‘Se tem uma coisa que carrego na alma é que esse sindicato é responsável por tudo que eu fui na vida.”
O ex-presidente voltou a defender o seu governo (2003-2010). “A conquista que vocês tiveram ao longo dos anos incomodou a elite brasileira. Esse país sempre foi pensado para 35% da população. Pobre era apenas estatística. E quem é que colocou o dedo na ferida? Fomos nós. E eu sei que é isso que está em julgamento.”
E criticou o governo atual, do presidente Michel Temer (PMDB). ”Estão vendendo nosso corpo. Rifando a Petrobras, o BNDES, a Caixa Econômica Federal”, afirmou. “Talvez ainda não tenha passado o efeito da anestesia que foi dada no povo brasileiro. Se contou muita mentira sobre o PT, sobre a Dilma. Diziam que ia melhorar… Agora o povo está começando a acordar.”
O petista também disse que, independente do resultado no julgamento no TRF4, ele não irá parar de lutar pelo direito de disputar a Presidência da República na eleição deste ano. “A única coisa que eu tenho certeza é que vou parar de lutar só o dia em que eu morrer.”
No sindicato, Lula está acompanhado de aliados políticos, como o ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, pré-candidato do PT ao governo do Estado, o ex-chanceler Celso Amorim, o ex-ministro Aloizio Mercadante e o ex-presidente do partido Rui Falcão.