Em sua posse como ministro da Segurança Pública nesta terça-feira (27), Raul Jungmann (PPS) apontou o consumo de drogas como uma das origens da violência que culminou com a intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. “Me impressiona no Rio de Janeiro, onde eu vejo pessoas, durante o dia, clamarem por segurança e [ações] contra o crime e à noite financiarem esse crime pelo consumo de drogas”, criticou, em seu discurso.
Outra crítica do ministro foi a violência tradicional de polícias contra setores “vulneráveis” da sociedade, como “pretos e pobres”, que atribuiu a um legado “aristocrático” do Brasil. Jungmann disse que precisamos que “esse passado venha a passar”. “Já não é possível que as polícias e a segurança não sejam para todos”, afirmou.
Jungmann elencou o combate às facções criminosas como uma de suas prioridades e criticou o fato de o sistema penitenciário continuar, nas palavras dele, servindo de “home office” do crime organizado. “É dentro do sistema prisional que surgiram as quadrilhas que nos aterrorizam, que continuam a comandar o crime organizado de dentro do presídios”.
No novo cargo, Raul Jungmann vai comandar a Secretaria Nacional de Segurança, a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), antes abrigados na pasta da Justiça. Ele disse que o objetivo do Ministério é fazer com que a União “aumente suas responsabilidades” na área da segurança pública, atribuição constitucional dos estados, e promova a “integração entre os entes”.
Desfilando elogios a Michel Temer (MDB), ele afirmou que o presidente teve “coragem” ao decretar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Também disse que o emedebista “lutou e continuará lutando” pela Reforma da Previdência, apesar da intervenção impedir a aprovação de emendas constitucionais até seu encerramento junto com o mandato do presidente, em dezembro.
O ministrou também aproveitou para anunciar o encerramento de sua carreira política para se dedicar à nova função. Jungmann, que é deputado federal há quatro mandatos, portanto, não vai pedir exoneração do novo cargo em abril para disputar a reeleição.
“Me despeço do Parlamento em nome dessa causa”, disse o político, que também informou ao presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), que pedirá a suspensão da sua filiação à legenda. Deixando a chefia da pasta da Defesa, disse que se despede de um “clube de amigos” que formou com os comandantes das Forças Armadas e que agora se dedicará “de corpo e alma” ao novo trabalho.