Em meio ao coronavírus, clã Bolsonaro decide estratégia eleitoral no Rio
Família do presidente já organizou cronograma de apoio a candidatos que vão concorrer a prefeituras
Mesmo com a pandemia de coronavírus, o ‘clã Bolsonaro’ já organizou o cronograma de apoio a candidatos que vão concorrer a prefeituras nas próximas eleições municipais no Rio de Janeiro. A família presidencial decidiu que dará prioridade a cinco municípios: capital, Niterói, São João de Meriti, Queimados e Cabo Frio. Os políticos disputarão as vagas ao Executivo pelo Republicanos (ex-PRB), partido da Igreja Universal do Reino de Deus escolhido para abrigar os filhos e os aliados de Jair Bolsonaro, a maioria ex-filiados ao PSL.
O comando das campanhas eleitorais ficará sob as batutas do vereador do Rio, Carlos Bolsonaro, e do senador Flávio Bolsonaro. Carlos, o filho Zero Dois, cuidará, especificamente, da tentativa de reeleição do prefeito Marcelo Crivella, sobrinho do bispo Edir Macedo, dono da Universal e do grupo de comunicação Record, como revelou VEJA com exclusividade na última quarta-feira. Já Flávio, o Zero Um, será o responsável pelas candidaturas de indicados para brigar por prefeituras da Baixada Fluminense e do interior do estado. O objetivo é derrotar candidatos aliados do governador Wilson Witzel (PSC), maior desafeto da família atualmente. Witzel declarou publicamente ser pré-candidato à Presidência da República, em 2022, contra Bolsonaro.
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Clique e AssineOs acordos da família Bolsonaro foram acertados com o presidente estadual do Republicanos, bispo Luis Carlos Gomes, e com a cúpula da igreja. Em 28 de março, seria lançado, inclusive, um novo logotipo da legenda: “Aliança Republicanos 10”, em alusão à parceria com o Aliança pelo Brasil, sigla de Jair Bolsonaro que não foi legalizada a tempo para as eleições deste ano. O evento precisou ser cancelado por causa do coronavírus.
Nos bastidores, o grupo eleitoral de Jair Bolsonaro estimou um prazo de duas semanas a um mês para ver como o planeta está reagindo à pandemia da Covid-19. A turma bolsonarista quer avaliar os efeitos causados à imagem do presidente após a crise e, assim, saber como lidar com o reflexo disso nas eleições municipais.
Na capital, Carlos Bolsonaro tomará conta, principalmente, das redes sociais de Crivella. Os dois se reuniram esta semana para traçar a estratégia na casa do próprio prefeito, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A ideia é parecida com a das eleições de 2018 quando Flávio Bolsonaro ajudou na vitoriosa campanha do então candidato ao governo fluminense, Wilson Witzel. À época, Witzel patinava nas pesquisas, assim como Crivella hoje, mas, na reta final, superou os adversários graças à “Onda Bolsonaro” na internet.
Em Niterói, o clã Bolsonaro apostará as fichas no candidato indicado pelo deputado federal Carlos Jordy, um fiel escudeiro da família. O parlamentar tem o desejo de ele mesmo concorrer, mas tem um obstáculo: ainda é filiado ao PSL. Jordy tentou, sem sucesso, ser expulso para não correr o risco de perder o mandato, como estabelece a Lei Eleitoral. A janela partidária, que prevê as trocas de legenda, tem prazo final no próximo sábado, 4.
Enquanto isso, em São João de Meriti, os Bolsonaro vão apoiar para prefeito o atual vereador da cidade e policial rodoviário federal, Charlles Batista, amigo pessoal de Flávio. No município, o Republicanos iria se aliar à candidatura do deputado estadual Léo Vieira (PSC), que terá em seu palanque o governador Wilson Witzel. No entanto, a legenda desistiu após a chegada da família presidencial à sigla da Igreja Universal.
Em Queimados, os Bolsonaros pedirão votos para o candidato escolhido pela deputada estadual Alana Passos, outra que reza a cartilha do clã. Já em Cabo Frio, a tropa bolsonarista fará aliança para tentar eleger a prefeito o atual deputado estadual Dr. Sérginho, também recém-chegado ao Republicanos e ex-líder do PSL na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Vale lembrar que o Republicanos lançará candidatos em várias outras cidades e esses políticos poderão usar o nome sobrenome Bolsonaro em suas campanhas. Só que sem o compromisso da família do presidente em pedir votos.