A sequência de falas destemperadas – e, sobretudo, sem nenhum respaldo na realidade – envolvendo o ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) rendeu ao presidente Lula (PT) o pior dia em termos de popularidade digital.
A avaliação foi constatada pela própria equipe que cuida da imagem do presidente nas redes sociais. Internamente, há uma preocupação sobre o efeito da retórica do petista, cada vez mais belicosa.
O tombo foi registrado na semana passada. Na véspera da operação da Polícia Federal que desvendou uma ação do PCC para sequestrar Moro, Lula usou um palavrão, durante uma entrevista, para descrever o que pensava em fazer com o ex-juiz da Lava-Jato enquanto cumpria pena em Curitiba.
Depois, ao tratar do caso, ao invés de prestar qualquer tipo de solidariedade diante da ação arquitetada pela facção criminosa, Lula reagiu com ironia. “É visível que é uma armação do Moro. (…) Eu não sei o que ele vai fazer da vida se ele continuar mentindo do jeito que está mentindo”, afirmou o presidente.
“Foi o pior dia para o governo desde o início do mandato”, disse a VEJA um auxiliar que cuida da imagem do mandatário. Naquela quinta-feira, os relatórios de desempenho registraram índices recorde de avaliação negativa do presidente.
A consultoria Quaest também mediu o baque: na semana de 20 a 24 de março menções positivas ao governo atingiram o menor patamar da série histórica, quase 30 pontos porcentuais abaixo da média registrada desde o início do governo. O desgaste foi inevitável.