Saúde, educação, segurança pública, transportes. Nada disso parece prioritário no Rio Grande do Sul. Nos últimos dias, o debate entre os dois candidatos que disputam o segundo turno tem girado em torno da homofobia. Num comentário que tinha seu oponente como alvo, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) disse que, se eleito, os gaúchos terão “um governador e uma primeira dama de verdade”. O adversário dele, Eduardo Leite (PSDB), já assumiu publicamente sua homossexualidade. As redes sociais se encarregaram de difundir o preconceito.
O influenciador digital “Rubão do Pontaço”, por exemplo, conhecido por usar o folclore e o linguajar regionalista nas redes, aproveitou a onda: “Nós não precisamos de um governador que não gosta de mulher. Nós precisamos de um governador que quer procriar e não quer que o mundo acabe”. À reportagem, reafirmou sua pregação: “Seria estranho um ‘primeiro-damo’ no estado”.
Eduardo Leite não vê problemas em falar abertamente de sua orientação sexual: “Sou um governador gay, e não um gay governador”. A VEJA, o ex-governador disse que as falas preconceituosas não agridem somente ele, mas todos os gaúchos e gaúchas. “Homofobia e desrespeito, racismo, preconceito e mentiras não podem ser tolerados. São manifestações que não condizem com a história do Rio Grande do Sul e com os valores dos gaúchos”, lamentou.
Para o cientista político Carlos Borenstein, os ataques homofóbicos têm reflexos no eleitorado mais conservador, mas acabam mitigados pela postura do ex-governador: “Quando ele assume a orientação publicamente, rompe muita resistência e até diminui o apelo eleitoral desses ataques. Também temos que levar em conta que o governo dele foi bem avaliado. Dentro da discussão política isso é o que realmente importa”.