O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira a prometida “reestruturação” da sua administração. Conforme adiantado por VEJA, o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB) vai deixar o comando das Prefeituras Regionais, área responsável pelos programas de zeladoria, como o Cidade Linda, vitrines da gestão nos primeiros meses.
Tanto o prefeito quanto o vice se esforçaram em negar um distanciamento entre os dois. Apesar de dizer que “pode melhorar”, Doria se disse satisfeito com o nível de gestão e anunciou a criação de uma nova pasta, uma “supersecretaria” batizada de Casa Civil, para ser ocupada por Bruno Covas.
“Bruno e eu temos uma relação de absoluta igualdade, recebemos os mesmos 3 milhões de votos dos brasileiros que vivem em São Paulo”, afirmou. Na nova função, o vice-prefeito chefiará a articulação política, antes nas mãos do secretário Júlio Semeghini (Governo), que ficará responsável apenas “pela fiscalização da gestão”, segundo Doria.
Já Covas, em breve fala, desejou sorte ao substituto, Cláudio Carvalho, que já ocupava a Secretaria de Investimento Social e vai unificar as duas pastas sob seu comando e afastou qualquer estranhamento com Doria. Ele atribuiu a “alguns fofoqueiros de plantão” as notícias de afastamento entre os dois. “Quem apostar na nossa divisão vai errar”, concluiu o vice.
Zeladoria
Cláudio Carvalho, o novo chefe da zeladoria, é ex-vice-presidente executivo da construtora Cyrela e está na prefeitura desde junho, quando a pasta de Investimento Social foi criada. Na antiga função, “com uma equipe de apenas cinco pessoas”, como ressaltou Doria, era responsável por buscar doações privadas para o executivo.
Segundo o prefeito, esse montante foi de mais de 700 milhões de reais nos primeiros dez meses de gestão. Agora, seu desafio será superar as críticas recebidas pela zeladoria, considerada por Doria como peça-chave da prefeitura.
“Covas outra vez”
O auditório usado para o anúncio estava lotado de militantes em defesa do vice-prefeito. Ao longo das várias citações ao nome de Bruno Covas, repetiu-se o coro “um dois três, Covas outra vez”. Caso Doria renuncie à prefeitura para se candidatar a algum cargo em 2018, será Bruno, nome tradicional do PSDB em São Paulo, quem lhe sucederá. Ele é neto do ex-governador Mario Covas, falecido em 2001.
Abordados por VEJA, os manifestantes disseram ser “lideranças de bairro” e não quiseram se identificar. Questionada sobre a possibilidade de serem servidores de prefeituras regionais, a prefeitura de São Paulo afirmou desconhecer a razão da presença desse grupo de pessoas e ressaltou que, se forem servidores, é perfeitamente possível que prestigiem a posse do novo secretário em horário de trabalho, “caso não tenham compromissos para o horário e tenham uma função que justifique a presença aqui “.