O ministro dos Direitos Humanos, Gustavo do Vale Rocha, enviou nesta sexta um ofício à reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) cobrando uma posição da universidade a respeito dos casos de racismo nos Jogos Jurídicos de 2018, protagonizados por alunos da universidade.
No documento, Gustavo Rocha cobra uma data para que o secretário de Políticas para a Igualdade Racial, Juvenal Araújo, visite a universidade e receba uma informação sobre as medidas que a PUC-Rio adotará diante das situações reveladas. “Ainda estamos longe do ideal de respeito à cultura afro-brasileira, mas vamos intensificar nossas ações a fim de eliminar a chaga do racismo que lamentavelmente persiste em nossa sociedade” afirma o ministro, em nota.
O órgão foi procurado pelos coletivos negros de três universidades participantes dos jogos, UERJ, UFF e UFRJ. Os grupos consideraram insuficientes as punições impostas pela organização do evento – a retirada do título conquistado pela PUC e a suspensão da universidade de participar em 2019 –, pedindo a identificação e responsabilização dos acusados.
Ainda no comunicado enviado à imprensa pelo Ministério dos Direitos Humanos, o secretário Juvenal Araújo antecipou ser favorável ao pleito dos coletivos. “Todos os crimes de racismo devem ser punidos com penas que sirvam de medida reparatória e exemplar para toda sociedade brasileira”, afirmou.
O caso
Os Jogos Jurídicos do Rio de Janeiro são uma competição promovidas por faculdades de Direito, públicas e particulares, do estado, reunidas em um agrupamento batizado de “Liga Jurídica Estadual”. Ao todo, foram relatados três casos de racismo durante a realização da última edição do evento, entre os dias 30 de maio e 3 de junho deste ano, na cidade de Petrópolis (RJ).
O caso começou no sábado, dia 2. Um estudante da PUC-Rio arremessou uma casca de banana em um jogador negro da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Em outra partida, uma estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi chamada de “macaca” pela torcida da PUC.
Por fim, uma partida entre a universidade católica e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no domingo, 3, terminou em confusão. Em protesto aos casos anteriores, a torcida da Uerj começou a entoar o coro de “racistas, racistas”. Em reação a isso, os integrantes da PUC começaram a imitar macacos e a bater no peito como símios.
Em nota, o vice-reitor comunitário da PUC-Rio, Augusto Sampaio, e o diretor do Departamento de Direito, Francisco de Guimaraens, afirmaram que a universidade “constituiu Comissão Disciplinar para averiguação das informações e, caso confirmada a veracidade, a apuração e individualização das responsabilidades de membros do corpo discente”. O prazo de atuação dessa comissão – a partir de terça-feira, 5 – é de 15 dias.