O dinheiro apreendido no apartamento que supostamente estaria ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) já chegou a 33 milhões de reais. É a maior apreensão de dinheiro vivo da história da Polícia Federal (PF). A quantia em espécie foi localizada dentro de caixas e malas numa residência que, segundo a PF, servia de “bunker” para o peemedebista. As autoridades chegaram ao local, em Salvador, a partir das provas que foram coletadas nas últimas fases da Operação Cui Bono?. A ação desta terça-feira foi batizada de Tesouro Perdido.
O “bunker” de Geddel foi alugado pelo ex-ministro para guardar pertences de seu pai, falecido no ano passado. O apartamento seria de um homem chamado Silvio Silveira, que o teria repassado ao peemedebista com esse fim. A PF recebeu uma ligação anônima no dia 14 de agosto asseverando que, no último semestre, Geddel estaria utilizando o imóvel, de fato, para guardar caixas com documentos.
Geddel ganhou o direito de cumprir prisão domiciliar em Salvador no dia 12 de julho. Ele foi preso no início daquele mês na Cui Bono?, um desdobramento da Operação Catilinárias, que é derivada da Lava Jato e foi lançada em dezembro de 2015. Ela foi desencadeada a partir de um celular encontrado na casa do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), então presidente da Câmara, que registrava uma troca de mensagens dele com Geddel, ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer (PMDB).
Segundo o Ministério Público Federal, Geddel, Cunha e o doleiro Lúcio Funaro, contando em alguns momentos com a participação de Fábio Ferreira Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, desviaram “de forma reiterada recursos públicos a fim de beneficiarem a si mesmos, por meio do recebimento de vantagens ilícitas, e a empresas e empresários brasileiros, por meio da liberação de créditos e/ou investimentos autorizados pela Caixa Econômica Federal em favor desses particulares”.
Réu
Geddel é réu por supostamente ter atuado para evitar a delação premiada de Funaro. O doleiro, que teve a sua colaboração homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça, é considerado um homem-bomba para políticos do PMDB por conhecer como poucos a engrenagem da organização criminosa que atuava em esquemas ilícitos na Caixa.
De acordo com o MPF, Geddel, que sabia do poder de fogo de Funaro, atuou deliberadamente para dificultar e atrasar as investigações de crimes praticados por empresários, empregados públicos com ingerência na Caixa, agentes políticos e operadores financeiros.
Ele teria tentado constranger Funaro para impedir o acordo de delação. Embora não tivesse proximidade com a esposa do doleiro, Raquel Pitta, Geddel passou a telefonar recorrentemente para ela, sondando sobre a disposição do operador de revelar o que sabia às autoridades. De 1º de junho de 2016, data de prisão de Funaro, até 3 de julho de 2017, quando o próprio Geddel foi detido por ordem da Justiça, as sondagens do ex-ministro foram frequentes. De maio a junho deste ano, foram dezessete contatos telefônicos em dezenove dias.