O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou um aliado inesperado em sua defesa contra a condenação no caso do tríplex do Guarujá e pela participação nas eleições de 2018. Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, o senador Fernando Collor (PTC-AL) afirmou não haver prova contra o petista e que ele, mesmo preso, tem o direito de gravar depoimentos para a campanha eleitoral.
“Todos sabem que eu não tenho procuração e sequer afinidade ideológica com o ex-presidente Lula em função do que eu vou dizer, mas eu entendo que vêm sendo cometida enormes injustiças em relação ao ex-presidente”, disse Collor. Para ele, não há provas que o tríplex do Guarujá, pelo qual Lula foi condenado na Lava Jato, pertence realmente ao ex-presidente.
“Ele foi submetido a uma pena de nove anos de detenção sem ter sido concedido a ele o direito à resposta a uma pergunta: onde está o documento que prova que o apartamento do Guarujá é de minha propriedade ou de alguém de minha família?”, declarou o senador. Ele destacou que o aumento da pena de Lula na segunda instância, para 12 anos, foi determinado sem “qualquer fato novo”.
Collor defendeu ainda que Lula possa se manifestar como pré-candidato e, após ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como candidato a presidente. “Poderia ser dada a ele a oportunidade de receber um advogado que grave uma declaração sua e que essa declaração possa ser divulgada. Entretanto, ele discorda da tese propagada pelo PT que Lula é “perseguido”. “Aí já acho que é uma viagem na maionese”.
O parlamentar e ex-presidente da República ainda criticou a Operação Lava Jato, comparando a prática de firmar acordos de delação premiada com tortura. “A execução dessa operação foi dada a pessoas imberbes, de calças curtas, que não têm ainda consciência da realidade que nos cerca, que não têm a experiência necessária para ponderar e avaliar que aquilo que chega para julgamento e, mais do que isso, que estão atraídas pelos holofotes da mídia.”