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Carne Fraca: delegado vê indícios de propina a PP e PMDB

Segundo delegado, é possível presumir que líder do esquema tenha ocupado cargos públicos de relevância mediante compensações para atores políticos

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h40 - Publicado em 17 mar 2017, 12h03
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  • Parte da propina paga no esquema desvendado pela Operação Carne Fraca ia para dois partidos políticos, o PMDB e o PP, segundo o delegado Maurício Moscardi Grillo, da Polícia Federal. Em entrevista na manhã desta sexta-feira, ele disse que, embora não fosse possível afirmar para quais políticos o dinheiro era destinado, os autos das investigações  “deixam claro” esse vínculo entre o esquema e as legendas.

    “Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o PMDB”, afirmou Grillo.

    O ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, Daniel Gonçalves Filho, foi citado pelo delegado como um dos que podem ter alimentado o esquema. Segundo o delegado, é possível presumir que Gonçalves, apontado como um dos líderes do esquema criminoso, tenha ocupado cargos públicos de relevância mediante coleta de dinheiro ilícito a seus “padrinhos”, ou seja, políticos que eventualmente o sustentassem nessas funções.

    O esquema revelado pela operação mostra que funcionários de frigoríficos, entre eles alguns ligados às maiores empresas do mercado de carnes no Brasil, como BRF e JBS, corrompiam fiscais do Ministério da Agricultura por aprovações de certificados de qualidade de produtos que não tinham as condições mínimas, por lei, de ser comercializados.

    Os delitos vão de produtos vencidos, reembalados e com rótulos adulterados, até adulterados, com carnes residuais que deveriam ser descartadas.

    Havia uso de materiais como papelão e restos diversos em comidas preparadas e produtos enlatados, como salsichas, entre outros. Na divulgação da operação, a PF não individualizou as condutas de cada frigorífico.

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    Por meio de nota, o PP afirma que “em relação à operação deflagrada hoje pela Polícia Federal, o PP informa que desconhece o teor das denúncias. O partido apoia minuciosa investigação e o rápido esclarecimento dos fatos”.

    Procuradas pelo site de VEJA, a empresa BRF declarou que “está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas”. Em nota, a JBS afirmou que a empresa e “suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e comercialização de alimentos no país e no exterior” e que “apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”.

    Em nota, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), afirmou que “o que as apurações da Polícia Federal indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor. Neste momento, toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo.”

    Confira a nota da JBS na íntegra:

    “Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos.  A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.

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    A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.  

    A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

    A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.  

    A companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou  comercialização –  e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos. “

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    Confira a nota da BRF na íntegra:

    A BRF informa que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua.

    Confira a nota do Ministério da Agricultura:

    Diante dos fatos narrados na Operação Carne Fraca, cuja investigação começou há mais de dois anos, decidi cancelar minha licença de 10 dias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O que as apurações da Polícia Federal indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor.

    Neste momento, toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo. Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta, e novas medidas serão tomadas. Estou coordenando as ações, já determinei o afastamento imediato de todos os envolvidos e a instauração de procedimentos administrativos. Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com atos irregulares no Mapa.

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