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Carne Fraca: entenda o que pesa contra cada frigorífico

Megaoperação da PF para desmantelar esquema de venda de carne ilegal e fraude na fiscalização sanitária atinge BRF, JBS, Peccin e Larissa

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h38 - Publicado em 17 mar 2017, 19h55
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  • Considerada a maior operação da história da Polícia Federal, a Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, desmantelou um esquema de pagamento de propina envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício para relaxar a fiscalização e conseguir a liberação de licenças. A operação teve como alvos frigoríficos de pequeno porte e as gigantes BRF e JBS, que sentiram reflexos em seu valor de mercado — suas ações tiveram uma forte desvalorização na Bolsa de Valores ao longo do dia.

    Diante das informações de que produtos estragados estavam sendo liberados ao consumo, o governo precisou se mobilizar para tranquilizar a população e avisar que “não há razão para pânico”, pois nem todos os frigoríficos do país estavam envolvidos nos casos investigados. Por fim, tomou como providências a interdição de três fábricas — um da BRF e dois da Peccin — e o afastamento de 33 funcionários. Entenda o que pesa especificamente sobre cada empresa.


    BRF

    A empresa se tornou alvo por irregularidades no frigorífico de Mineiros (GO), fabricante de carne de aves, e pelo envolvimento no esquema do seu gerente de Relações Institucionais, Roney Nogueira dos Santos, alvo de mandado de prisão preventiva. A ele foram atribuídos os crimes de corrupção, passiva e ativa, concussão, peculato, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação e adulteração de substância ou produtos alimentícios e lavagem de dinheiro.

    O inquérito traz indícios — não muito claros — de que material impróprio foi utilizado na produção de alimentos da BRF. É citado especificamente um diálogo entre Santos e um fiscal do Ministério da Agricultura, em julho de 2016,  em que ele fala sobre “reprocessar” aproximadamente 700 quilos de mortadela considerada inadequada.

    Diálogos interceptados pela PF também mostram o envolvimento de outro diretor da BRF — André Baldissera. Ele aparece conversando com um interlocutor identificado como Fabrício sobre a retenção de contêineres na Europa. Com base nos áudios, a investigação concluiu que as autoridades sanitárias da Europa haviam identificado no carregamento “traços de uma das variações da bactéria salmonella” e, por isso, havia vetado a entrada dos alimentos.

    O que diz a BRF 

    A empresa divulgou uma nota, ressaltando que “cumpre as normas” e tem “rigorosos processos e controles”. “A BRF informa que (…) está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”, diz o texto.

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    Mandados

    Roney Nogueira dos Santos (gerente de Relações Institucionais e Governamentais): prisão preventiva
    André Baldissera (diretor): prisão preventiva
    José Roberto Pernomiam Rodrigues Júnior (vice-presidente): prisão preventiva
    Luis Guaraná (funcionário): condução coercitiva
    Sede da empresa: mandados de busca e apreensão
    Unidade de Mineiros (GO): interdição


    Seara, da JBS

    Flávio Evers Cassou, funcionário da Seara Alimentos, do grupo JBS, é acusado do crime de corrupção ativa por ter pago propina à chefe do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa) no Paraná e a dois fiscais agropecuários. Ele foi contratado pela empresa depois de dez anos como fiscal.

    Em troca de produtos como cortes de carnes nobres e de frango, os funcionários públicos não fiscalizavam cargas da empresa, incluindo remessas à China e ao Chile.

    O que diz a Seara

    Por meio de nota, a JBS, dona da Seara, diz que “não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos”.  A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação e que a ação ocorreu em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e outra em Goiás. “A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e à comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”, diz a empresa.

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    Mandados:

    Flávio Evers Cassou (funcionário): prisão preventiva
    Sedes da empresa (duas no Paraná e uma em Goiás): busca e apreensão


    Frigorífico Peccin

    Os responsáveis pelo frigorífico Peccin, Idair Antonio Piccin, Nair Peccin e Normélio Peccin, além de José Eduardo Nogalli Gianetti, representante da empresa, são investigados por crimes contra a saúde pública e corrupção ativa. Os quatro foram presos preventivamente nesta sexta-feira e duas unidades do grupo, interditadas.

    Interceptações telefônicas flagraram Piccin e sua mulher, Nair, combinando a compra de 2.000 quilos de carne de cabeça de porco para a fabricação de linguiças, prática que é proibida.

    Em outra conversa interceptada, Idair Piccin e Normélio Peccin conversam sobre a reutilização de uma peça de presunto podre. Segundo as investigações, o frigorífico também pagava propina a fiscais agropecuários lotados no Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa) do Paraná.

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    O que diz a Peccin

    Procurada, a empresa afirmou que não vai se pronunciar no momento.

    Mandados:

    Idair Antonio Piccin (sócio): prisão preventiva
    Nair Peccin (sócia): prisão preventiva
    Normélio Peccin Filho (sócio): prisão preventiva
    José Eduardo Nogalli Gianetti (representante): prisão preventiva
    Duas empresas do grupo (em Curitiba e Jaraguá do Sul (SC): interdição


    Frigorífico Larissa

    O frigorífico Larissa entrou na mira das investigações por causa do seu dono, Paulo Rogério Sposito, suspeito da prática dos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e adulteração e alteração de substância de produtos alimentícios.

    A PF interceptou diálogos em que, segundo os autos, ele não “demonstra nenhuma surpresa” em ser informado sobre a troca de etiquetas de validade em carga de carnes de barriga, e com o uso de carnes vencidas há três para produção de outros alimentos.

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    Segundo o inquérito, Paulo, que foi candidato a deputado federal por São Paulo em 2010, é próximo de Daniel Gonçalves Filho, apontado pela PF como o chefe do esquema. Era a ele a quem recorria quando precisava resolver algum problema na fiscalização de sua empresa. 

    O que diz a Larissa

    Procurada pela reportagem, não quis se pronunciar.

    Mandados

    Paulo Rogério Sposito (prisão preventiva)
    Sede da empresa (busca e apreensão)

     

     

     

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