A convenção nacional do PSDB confirmou nesta sexta-feira, 31, o ex-deputado federal e ex-ministro Bruno Araújo (PE) como presidente nacional do partido e o deputado federal Domingos Sávio (MG) como vice-presidente da sigla. A chapa do novo comando tucano pelos próximos dois anos, que não teve concorrentes na convenção, foi definida somente na noite desta quinta-feira, 30.
Araújo foi o escolhido pelo governador de São Paulo, João Doria, hoje nome mais forte da sigla, para presidir o PSDB. Havia a expectativa de que a senadora Mara Gabrilli (SP), também aliada de Doria, fosse a vice, mas ela abriu mão do posto. Segundo sua assessoria, Mara decidiu não integrar a chapa porque sua participação na Executiva do partido poderia representar um impedimento à sua vaga como representante do Brasil no Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Já Sávio, que presidiu o partido em Minas Gerais, é próximo ao deputado federal Aécio Neves (MG), ex-presidente nacional da sigla e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e obstrução à Justiça.
Reportagem de VEJA desta semana mostra que o PSDB elegeu uma nova cúpula com a missão de mudar a cara do partido. A sigla sofreu sua pior derrota nas eleições de 2018. Geraldo Alckmin saiu da disputa presidencial no primeiro turno, com apenas 4,7% dos votos. No Congresso, a bancada tucana na Câmara encolheu para 29 deputados federais, 25 a menos do que tinha em 2014 e setenta a menos que em 1998.
Ao chegar à convenção, Doria foi recebido por militantes sob gritos de “presidente”, em referência à possibilidade de o tucano ser candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Com o governador paulista como figura central, o evento não teve as presenças de alguns caciques do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Aécio. “Ele tem 88 anos, não precisa justificar a presença”, comentou o senador Tasso Jereissati (CE) sobre FHC.
Ao discursar na convenção, João Doria buscou nacionalizar seu discurso. “Eu sou brasileiro e amo a minha pátria. Amo São Paulo, mas antes de amar São Paulo, amo meu país”, disse o governador, em uma fala repleta de acenos e elogios a Alckmin, de quem se tornou desafeto. A jornalistas, Doria classificou Araújo como “um integrador, não um divisionista” e defendeu que o PSDB feche questão pela aprovação da reforma da Previdência.
Ele ponderou, contudo, que não quer um alinhamento do partido ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Nunca defendi alinhamento com o governo Bolsonaro e continuo entendendo que o PSDB não deve fazer esse alinhamento, mas está, sim, apoiando todas as boas iniciativas para o Brasil. A reforma da Previdência é um bom exemplo disso, a reforma tributária, na sequência, é outro bom exemplo”, declarou.
Sucedido por Araújo na presidência do PSDB, Geraldo Alckmin disse ao chegar à convenção estar com sentimento de “dever cumprindo”. Segundo Alckmin, o código de ética e as novas regras de compliance elaborados pela direção da legenda darão “total transparência na gestão partidária”.
(Com Estadão Conteúdo)