O juiz federal Marcelo Bretas, que julga casos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, determinou o leilão para o próximo dia 4 de bens ligados a casos de corrupção, como a Lamborghini branca que ficava estacionada na sala da casa do empresário Eike Batista e da lancha Manhattan Rio, atribuída ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB).
O bem mais caro colocado em oferta é a lancha Intermarine 680, também de Eike, batizada como “Spirit of Brazil”, e avaliada em 3,5 milhões de reais. A Lamborghini Aventador branca, ano 2011, foi avaliada em 2,240 milhões de reais.
No total, o leilão autorizado por Bretas inclui cinco bens do ex-bilionário, avaliados num total de 5,9 milhões de reais -além da lancha e do carro, fazem parte da lista dois jet skis e mais uma lancha.
Esses bens de Eike já haviam sido incluídos numa decisão de sequestro de bens em fevereiro de 2015. Mais tarde, em 2017, a defesa do empresário pediu autorização judicial para vender os bens e, assim, juntar dinheiro para pagar uma fiança de 52 milhões reais, acertado em maio daquele ano com Bretas. Além da 7.ª Vara Federal Criminal, de Bretas, Eike teve bens bloqueados em processos na 3.ª Vara Federal Criminal.
Em julho, Eike foi condenado por Bretas a 30 anos de prisão e ao pagamento de multa de 53 milhões de reais pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de pagar propina de 16,5 milhões de dólares ao ex-governador Sérgio Cabral. Em dezembro do ano passado, o empresário já teve um iate de luxo -com capacidade para 21 passageiros e com quatro quartos, sendo duas suítes com sauna e closet- leiloado por 14,4 milhões de reais.
Já a lancha Manhattan Rio, atribuída a Cabral, está avaliada em 2,950 milhões de reais. Conforme descrição do edital do leilão, a embarcação, fabricada em 1997, tem 23,98 metros, capacidade para um tripulante e 23 passageiros, ar condicionado central, forno elétrico, geladeira, cinco TVs de LCD, quatro quartos (duas suítes com camas de casal, uma com banheira, mais duas suítes com duas camas de solteiro cada), sala de estar e sala de jantar.
Cabral está preso desde novembro de 2016 e já foi condenado a quase 200 anos de prisão, acusado de comandar um esquema de propinas no governo do estado do Rio.
O leilão judicial ainda tem uma propriedade rural, de Carlos Miranda, apontado como um dos operadores de Cabral no esquema. Localizada em Paraíba do Sul, na divisa do Rio com Minas Gerais, está avaliada em 3 milhões de reais.
Conforme o edital, a propriedade tem 21,2 alqueires e inclui três casas (uma principal, uma de hóspedes e uma do administrador), piscina, sauna com vista panorâmica, churrasqueira, curral, capril, bodário, um alambique de cachaça e um galpão. O local não inclui animais e está depredada, alvo de furtos -a sauna está sem equipamentos e o deque de madeira da piscina foi levado, diz o edital.
Todos os bens colocado em leilão por Bretas terão um primeiro pregão pelo preço igual ou superior ao valor de avaliação. Caso não sejam arrematados no próximo dia 4, passarão por um segundo leilão, no dia 18, no qual os lances mínimos partirão de 75% do valor de avaliação.
Defesa
A defesa de Carlos Miranda, por meio de seus advogados Daniel Raizman e Fernanda Freixinho, esclarece que o antigo sítio do colaborador será leiloada, pois, em decorrência do acordo de colaboração premiada firmado com o MPF e homologado pelo STF, a propriedade e todos os seus acessórios passaram a integrar o patrimônio da União.