Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Repercussão na PF: ‘Bomba devastadora para a polícia, o governo e o país’

Discurso de demissão de Moro choca Polícia Federal, corporação que é símbolo da Lava Jato e do combate à corrupção

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 abr 2020, 14h40 - Publicado em 24 abr 2020, 12h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Uma bomba devastadora para a Polícia Federal, para o governo e para o país”. Foi dessa forma que um delegado da PF, diretamente ligado à Operação Lava-Jato, avaliou o discurso de demissão do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.

    “A saída do Moro apenas confirmou o que suspeitávamos há algum tempo: o presidente quer governar com seus filhos e seus amigos. Essa história de que ele quer ‘o bem do Brasil’ é conversa mole”, afirmou outro policial federal, que se define como “eleitor de Bolsonaro, sim, mas muito mais admirador de Sergio Moro“. Segundo ele, a saída de Moro e, principalmente, a maneira como ele está saindo será um grande baque para a corporação. “A pergunta que fica é: por que o presidente quer ter um diretor-geral que fale diretamente com ele?”, indagou o policial.

    O ex-juiz da Lava Jato e símbolo de combate à corrupção no país, fez um pronunciamento de cerca de 45 minutos, em que afirmou que está deixando o ministério por causa das tentativas do presidente Jair Bolsonaro interferir no trabalho da PF.

    Segundo Moro, o presidente lhe afirmou que pretendia ter no comando da corporação “uma pessoa de seu contato”, a quem pudesse telefonar para pedir informações, relatórios de inteligência. Esse tipo de “contato” é considerado um pecado capital entre os policiais federais, já que as investigações, especialmente de corrupção e crime organizado, dependem de total sigilo.

    Continua após a publicidade

    Como exemplo da gravidade do pedido de Bolsonaro, Moro mencionou que seria impensável que a ex-presidente Dilma Rousseff ligasse para o diretor ou um superintendente da PF para pedir informações durante as investigações da operação Lava Jato (iniciada em março de 2014, e que expôs as vísceras da corrupção montada durante as administrações petistas, o que pavimentou o impeachment de Dilma).

    Intenção de crimes graves

    Para Jorge Pontes, também delegado da PF, as revelações feitas por Moro são gravíssimas. “O que o doutor Sergio (Moro) ouviu do presidente pode ter sido a intenção do cometimento de crimes graves”, afirmou o policial que também é diretor de Ensino e Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. “O presidente estaria querendo um diretor e superintendentes que encaminhem informes para ele! Estaria, ainda, querendo influir na condução de inquéritos ‘em curso’ no STF! Isso seria corromper institucionalmente a Polícia Judiciária da União”, finalizou.

    O episódio deve reacender a luta pela autonomia da Polícia Federal. “As declarações do ministro da Justiça Sergio Moro revelam fatos gravíssimos, que devem ser apurados com o rigor e celeridade necessários. É preciso dotar a Polícia Federal de autonomia na Constituição para impedir ingerências como as que estão ocorrendo”, escreveu em nota, a delegada Tânia Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo.

    Continua após a publicidade

    O desembarque de Moro do ministério deve provocar a saída em massa de quadros que participaram da Lava Jato e que foram para o governo a convite do ex-juiz. Entre eles, está o delegado Igor Romário, titular da diretoria de Combate ao Crime Organizado, e Érika Marena, chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (este último, responsável por investigações em parceria com autoridades estrangeiras e por repatriar fortunas mantidas no exterior por corruptos, como as de ex-diretores da Petrobras).

    ASSINE VEJA

    Coronavírus: uma nova esperança
    Coronavírus: uma nova esperança A aposta no antiviral que já traz ótimos resultados contra a Covid-19, a pandemia eleitoral em Brasília e os fiéis de Bolsonaro. Leia nesta edição. ()
    Clique e Assine

     

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.