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Bolsonaro é pressionado a vetar lei de abuso de autoridade

Parlamentares, entidades e até o ministro Sergio Moro criticaram pontos da proposta; presidente já sinalizou a necessidade de punir excessos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 16 ago 2019, 12h21 - Publicado em 16 ago 2019, 11h45
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  • A aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que endurece punição a juízes e procuradores por abuso de autoridade provocou, na quinta-feira, 15, uma reação de parlamentares, entidades de classe e até do ministro da Justiça, Sergio Moro, que pressionam o presidente Jair Bolsonaro a vetar trechos do texto. A medida é vista como uma reação do mundo político à Operação Lava Jato, pois dá margem para criminalizar condutas que têm sido praticadas em investigações no país.

    Integrantes do governo avaliam modificações em dez artigos do texto que passou pelo Congresso. Em dois pontos, os parlamentares da bancada da bala já receberam a sinalização que pode haver vetos. Entre eles, está o item que pune autoridades que iniciem investigação sem justa causa fundamentada ou que usem algemas de forma inadequada.

    Outro trecho que deve ser alterado pelo Palácio do Planalto é o artigo 14, que prevê detenção de seis meses a dois anos para quem fotografar ou filmar preso, investigado ou vítima sem seu consentimento com o intuito de constranger a pessoa. Para parlamentares, o texto abre brecha para criminalizar o agente público que permitir que um preso seja fotografado. “Temos de garantir que o policial tenha segurança na hora de cumprir o seu dever”, disse o deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da bancada da bala.

    Ao ser questionado sobre o assunto, Bolsonaro disse que ainda vai analisar possíveis vetos, mas defendeu a necessidade de se punir abusos. “Existe abuso, somos seres humanos. Logicamente, não se pode cercear os trabalhos das instituições, mas a pessoa tem de ter responsabilidade quando faz algo e fazer baseado na lei”, afirmou o presidente.

    Um grupo de vinte parlamentares de ao menos quatro partidos — PP, DEM, PRB e Solidariedade — têm encontro marcado com Bolsonaro na próxima terça-feira 20 para tratar do assunto. O prazo para sanção do projeto é de 15 dias.

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    Contrário à proposta, Moro acompanhou a votação em um jantar com parlamentares no apartamento do deputado federal João Roma (PRB-PE). Aos presentes, o ministro afirmou que a redação de alguns artigos deixava o texto dúbio e poderia inviabilizar o trabalho policial. O encontro contou com a presença, entre outros, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto.

    Em nota divulgada na quinta, Moro disse que o projeto será “bem analisado” para verificar se a proposta não pode “prejudicar a atuação regular” da Justiça e das forças policiais e de investigação. “Ninguém é a favor de abusos, mas o projeto precisa ser bem analisado para verificar se não pode prejudicar a atuação regular de juízes, procuradores e policiais. O exame ainda será feito com o cuidado e o respeito necessários ao Congresso.”

    Integrantes do Ministério Público Federal disseram ver ameaça a investigações caso a lei seja sancionada da forma como passou na Câmara. “O projeto intimida a atuação combativa dos agentes públicos, ao permitir que investigados e réus os acusem por crimes indefinidos, o que enfraquece a independência das instituições e, assim, o combate à corrupção e à criminalidade”, diz o texto assinado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

    Para a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público, que reúne nove entidades e representa cerca de 40 mil profissionais, o texto aprovado “contém uma série de falhas e impropriedades”, provocando, em última instância, “o avanço da impunidade”.

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