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Bolsonaro ‘soa como nós’, diz líder da Ku Klux Klan; capitão rejeita apoio

David Duke diz que presidenciável é ‘boa notícia’ e ‘totalmente descendente de europeu’; candidato afirma recusar apoio de qualquer grupo supremacista

Por Estêvão Bertoni Atualizado em 16 out 2018, 19h07 - Publicado em 16 out 2018, 17h32
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  • O historiador David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, grupo de extrema direita que ficou célebre entre o fim do século XIX e o começo do século XX nos Estados Unidos defendendo temas como a supremacia branca e o nacionalismo, classificou como “boa notícia” o surgimento do candidato ao Palácio do Planalto Jair Bolsonaro (PSL) e afirmou que o presidenciável brasileiro “soa como a gente”.

    “Ele é também um candidato muito forte. É um nacionalista”, afirmou em seu programa de rádio. O grupo notabilizou-se nos EUA pela perseguição, tortura e assassinatos contra negros.

    Na tarde desta terça-feira, 16, Bolsonaro, por meio das redes sociais, rejeitou o aceno de Duke. “Recuso qualquer tipo de apoio vindo de grupos supremacistas. Sugiro que, por coerência, apoiem o candidato da esquerda, que adora segregar a sociedade. Explorar isso para influenciar uma eleição no Brasil é uma grande burrice! É desconhecer o povo brasileiro, que é miscigenado”, escreveu. O candidato também publicou sua posição em inglês.

    Rival do capitão reformado do Exército no segundo turno, Fernando Haddad (PT) usou o episódio para atacá-lo. “Meu adversário também está compondo com aliados e somando forças. Hoje ele recebeu o apoio da Ku Klux Klan”, escreveu nas redes sociais.

    O petista voltou a lembrar o assassinato do capoeirista negro Romualdo Rosário da Costa, 63, conhecido como Moa do Katendê, na Bahia neste mês por um apoiador de Bolsonaro como um exemplo do estímulo de seu adversário a atos de violência – a vítima defendia a candidatura de Haddad e criticava a do candidato do PSL.

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    Em seu programa, Duke chamou de surpresa o surgimento de nacionalistas no Brasil. “A verdade é que movimentos nacionalistas, que são basicamente pró-europeus, estão se espalhando pelo mundo, até em um país que nunca havia pensado nisso. O Brasil tem um candidato abertamente assim, ele é totalmente descendente de europeu, parece qualquer cara branco na América, em Portugal, Espanha, Alemanha, na França ou no Reino Unido”, disse.

    O líder da Ku Klux Klan afirmou ainda que o discurso de Bolsonaro se baseia na questão da segurança. “Ele está falando do desastre demográfico que acontece no Brasil, e da criminalidade que existe ali, nos bairros negros, e assim por diante, no Rio de Janeiro.”

    Para Duke, Bolsonaro tem agido como o presidente americano, Donald Trump, para anular a oposição. “Ele está tentando ser positivo com os nacionalistas judeus em Israel para tentar tirar os judeus das suas costas”, diz. Segundo o ex-líder do KKK, os judeus estariam levando os EUA “ao desastre”.

    Duke é conhecido pelo apoio a Trump e também por sua posição de negação do Holocausto.

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    Extradição

    Nas redes sociais, Bolsonaro também agradeceu o apoio do ministro do Interior da Itália e líder da extrema direita, Matteo Salvini, que havia comemorado no Twitter o desempenho do candidato no primeiro turno, e reafirmou que vai extraditar o italiano Cesare Battisti.

    Condenado à prisão perpétua na Itália, acusado de quatro homicídios, Battisti vive no Brasil. Ele havia sido considerado refugiado político pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) tirou-lhe esse status. Em 31 de dezembro de 2010, em seu último dia como presidente, Lula negou a extradição.

    A decisão foi criticada pelo governo italiano.

     

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