O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 16, que os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Eduardo Pazuello (Saúde) ficarão no cargo apesar das pressões e dos rumores de que ambos estariam com os dias contados no governo. “Salles fica, Pazuello fica, sem problema nenhum, são dois excepcionais ministros”, disse durante a tradicional live que faz às quintas-feiras nas redes sociais.
Com Salles, o problema tem sido a pressão de empresários, representantes do agronegócio e investidores estrangeiros em razão do receio de os produtos brasileiros começarem a sofrer boicote no exterior por causa das más notícias na área ambiental, como o aumento do desmatamento.
Bolsonaro disse que há “uma guerra de informação”, que visa prejudicar a entrada de produtos brasileiros em outros países. “O Brasil é uma potência no agronegócio. A Europa é uma seita ambiental. Criticam de uma forma injusta porque é uma guerra comercial também”, disse.
Ele criticou a política de reserva legal (“só existe no Brasil”), a demarcação de terras indígenas (“14% do país, tem o tamanho da Região Sudeste”) e os números sobre desmatamento divulgados (“são sobrepostos, é a mesma área queimada todo ano”).
E lamentou o fato de Salles ter dito durante uma reunião ministerial em abril – cujo vídeo foi divulgado por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal – que era preciso aproveitar a pandemia do coronavírus para “ir passando uma boiada” na flexibilização da legislação ambiental.
“A gente lamenta aquela reunião reservada, quando você não mede palavras. Quando ele (Salles) fala em passar a boiada, é para desregulamentar, não é para cometer crime nenhum”, disse.
Militares
Sobre Pazuello, ele comentou as críticas feitas pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, ao fato de a pasta estar sendo tomada por militares em cargos estratégicos e disse não ver problema em ter gente oriunda das Forças Armadas no governo – Pazuello é general da ativa.
“Militarização? Estão com saudades dos ministros da Dilma, do Lula, do Fernando Henrique?”, questionou. Ele citou nominalmente todos os ministros militares (são nove em 23 pastas) – , elogiou todos e disse que o que incomoda os críticos é que eles são honestos. “É chato trabalhar com gente honesta, por isso o FHC criou a Defesa”, declarou, citando o fato de o tucano ter, segundo ele, trocado cinco ministros militares (Exército, Marinha, Aeronátuica, Estado-Maior e Casa Militar) por um civil no Ministério da Defesa.
Ele também questionou o estranhamento com tantos militares no governo. “Votaram numa chapa que tinha um capitão e um general (Hamilton Mourão”), disse.