O presidente da República, Jair Bolsonaro, fez neste domingo, dia 23, uma passeata com centenas de motociclistas no Rio de Janeiro. Após sobrevoar a cidade de helicóptero, Bolsonaro foi de motocicleta da Zona Oeste à Zona Sul do Rio, acompanhado de uma comitiva de apoiadores. Depois, subiu em um carro de som, onde discursou ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello – os dois não utilizavam máscaras e geraram aglomerações.
O ato conta com o apoio de mil policiais militares mobilizados pelo governo de Cláudio Castro (PSC), aliado do presidente. Vestidos com jaquetas de moto-clubes e camisetas do Brasil, parte dos apoiadores do presidente gritam palavras de apoio a “Bolsonaro 2022” e pela “liberação” de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da Covid-19.
No fim da “motociata”, já na Zona Sul do Rio, o presidente discursou contra as medidas de isolamento. Referindo-se ao Exército como seu, Bolsonaro disse que a tropa não iria para as ruas para manter os brasileiros em casa. “O meu Exército Brasileiro jamais irá à rua para manter vocês dentro de casa. O meu Exército Brasileiro, a nossa PM e a nossa PRF. É obrigação nossa lutar por liberdade, democracia. O nosso exército são vocês. Mais importante do que o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário é o povo brasileiro”, disse.
Bolsonaro afirmou que o governo está pronto para “garantir a liberdade” dos brasileiros, mas explicou que a frase não significava uma ameaça.”Estamos prontos, se preciso for, para tomar todas as medidas necessárias para garantir a liberdade de vocês. Temos o sagrado direito de ir e vir”, declarou o presidente, completando: “Não é ameaça, jamais ameaçarei qualquer Poder. Mas, acima de nós, de qualquer Poder, há o primeiríssimo poder, que é o do povo brasileiro”.
O presidente ainda criticou as medidas de isolamento que governadores e prefeitos adotaram para frear o contágio do coronavírus, na contramão do que ele defende. Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem incetivado e participado de aglomerações como a deste domingo.
“Muitos governadores e prefeitos simplesmente ignoraram a maioria da população brasileira e sem qualquer evidência científica decretaram lockdown e toques de recolher. Hoje, vocês sabem o que é uma democracia e o começo de uma ditadura implantada pelos governadores”, discursou o presidente que, antes, havia falado sobre os óbitos provocados pela Covid-19. “Lamento cada morte, não importa a motivação da mesma. Mas temos que ser fortes e enfrentar o desafio. Ver e sobreviver”. Ao todo, o país já registra 448 mil mortes pelo novo coronavírus.