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Bolsonaro escolhe Ricardo Salles para Ministério do Meio Ambiente

O ex-secretário de Meio Ambiente de Geraldo Alckmin é réu na Justiça paulista e o 22º ministro do futuro governo

Por Da Redação Atualizado em 9 dez 2018, 18h17 - Publicado em 9 dez 2018, 15h10
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  • O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou pelo Twitter neste domingo, 9, o advogado Ricardo Salles como ministro do Meio Ambiente de seu futuro gabinete. Último nome a ser escolhido para o ministério, Salles, de 43 anos, foi secretário estadual do Meio Ambiente do governo de Geraldo Alckmin, entre julho de 2016 e agosto de 2017, e é réu na Justiça de São Paulo por alterações no plano de manejo de área de proteção do Rio Tietê.

    O advogado é um dos criadores do Movimento Endireita Brasil (MEB) e concorreu a deputado federal pelo NOVO nas eleições de 2018, mas não se elegeu. Também foi diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade em permanente atrito com os círculos ambientalistas. Salles também tentou se eleger, pelo então PP, hoje chamado Progressistas, a deputado estadual em 2010. Não obteve os votos necessários.

    Em novembro de 2017, Salles foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por prática de improbidade administrativa. De acordo com o MP, ele teria modificado mapas de zoneamento do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Várzea do Rio Tietê para beneficiar empresas. Ele também foi investigado pelo MP estadual por intermediar processos administrativos , supostamente ilícitos, na Junta Comercial de São Paulo.

    Para a revista Globo Rural, Salles disse que obteve duas liminares na Justiça em seu favor. Ele insistiu ter agido corretamente ao ter adotado medidas necessearias no plano de manejo da APA.

    Sua nomeação vinha sendo defendida pelas entidades ruralistas, entre as quais a SRB. Mas foi duramente criticada pelo Observatório do Clima, uma coalizão de organizações dedicadas às questões ambientais e de mudança do clima, em nota publicada em seu portal. Para o Observatório, o presidente eleito e o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, “ciosos de um gabinete de probos, precisarão explicar a seus eleitores” a escolha de Salles.

    “Ao nomeá-lo, Bolsonaro faz exatamente o que prometeu na campanha e o que planejou desde o início: subordinar o Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Se por um lado contorna o desgaste que poderia ter com a extinção formal da pasta, por outro garante que o MMA deixará de ser, pela primeira vez desde sua criação, em 1992, uma estrutura independente na Esplanada”, afirmou.

    “Seu ministro será um ajudante de ordens da ministra da Agricultura. O ruralismo ideológico, assim, compromete o agronegócio moderno – que vai pagar o preço quando mercados se fecharem para nossas commodities.”

    Esplanada

    Durante sua campanha, o presidente eleito afirmou que cortaria o número de pastas a 15, “no máximo”. Não cumpriu: Salles é o 22º ministro anunciado. Após discussões sobre uma possível fusão entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, rejeitada tanto ambientalistas quanto por setores do agronegócio — desagradou de Gisele Bundchen a Blairo Maggi –, o pesselista passou a procurar um nome que não fosse, em suas palavras, “xiita”. Xico Graziano, agrônomo e ex-deputado pelo PSDB, e o diretor da Embrapa Evaristo de Miranda foram alguns dos nomes cogitados.

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    Desafios

    Comandando a pasta, Ricardo Salles terá inúmeros desafios, especialmente o crescente desmatamento da Amazônia. Levantamento do governo divulgado em 24 de novembro mostrou que no último ano, 7.900 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram destruídos. O aumento foi de 13,7%, em apenas um ano.

    Na ocasião, os estados que apresentaram os índices mais elevados de desmatamento foram: Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

    O futuro ministro terá igualmente de lidar coma já anunciada decisão do governo brasileiro, por ordem antecipada de Bolsonaro, de não mais sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2018, a COP-25. O presidente eleito já defendeu a retirada do Brasil do Acordo de Paris, o conjunto de compromissos assinado em 2016 para evitar que a temperatura do planeta suba mais de 2 graus Celsius até o final do século, em relação ao nível da era pré-industrial. O Brasil destacou-se na elaboração desse texto.

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