O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) disse, em entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA, nesta sexta-feira, 21, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “nunca se conformou” com a autonomia do Banco Central. O parlamentar é autor da proposta de emenda Constitucional (PEC) que propõe a autonomia orçamentária e financeira da autarquia, atualmente em tramitação no Senado.
O parlamentar comentou as recentes declarações do governante, que voltou a mirar suas críticas em Roberto Campos Neto, chefe do Banco Central, depois da decisão do Copom que manteve a taxa de juros em 10,5%. Para ele, Lula “pode opinar a hora que ele quiser”, mas é preciso estar atento para “qual vai ser a consequência disso”. “Estamos vendo aí o dólar subindo e aí vêm especulações, vem inflação”, salientou Cardoso.
“O presidente, desde que assumiu o poder, ele nunca se conformou, parece, com essa autonomia que foi dada ao Banco Central e passou a fazer esses constantes ataques. Eu nunca ouvi por parte do presidente Roberto Campos Neto uma fala dele dizendo que ele queria ser o próximo ministro da Fazenda num eventual governo Tarcísio. Acredito que isso são especulações”, afirmou o senador.
“Essa estratégia de bater no Campos Neto está sendo errada. Não vejo momento para ficar nessa discussão e eleger Roberto Campos Neto como inimigo número 1 do governo não é um caminho”, acrescentou.
Cardoso também disse que a independência do BC “foi um avanço muito grande e não foi para afrontar o Executivo”, mas sim “foi benéfica para o país”. Ele deixou claro que a taxa de juros no atual patamar, de 10,5% ao ano, não é boa para o país, porém, ressaltou que “baixar juros numa canetada ou por um momento político não vai resolver o problema, porque as consequências podem ser muito altas”.
Sobre Os Três Poderes
O programa, que traz análises dos principais fatos da semana, tem apresentação do editor Ricardo Ferraz e comentários dos colunistas Marcela Rahal, Matheus Leitão e Robson Bonin. Os Três Poderes desta sexta também vai analisar o julgamento sobre a descriminalização da maconha no STF e o adiamento do PL do aborto na Câmara.