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ÁUDIO: PM preso ironizou ‘terror’ do 8/1 e foi contra aumentar efetivo

Reunião que balizou protocolo de segurança minimizou movimento. Comandante chegou a dizer que manifestantes estavam apenas botando ‘pilha’ com ação violenta

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h34 - Publicado em 5 jan 2024, 17h48
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  • Passado um ano dos ataques do 8 de Janeiro, as investigações apontam para um “apagão” na segurança pública do Distrito Federal naquele domingo, o que permitiu que um grupo de vândalos invadisse e depredasse, com uma surpreendente facilidade, as sedes do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

    Em entrevista a VEJA, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que houve omissão, “até agora dolosa”, por parte dos policiais militares da capital do país. O STF determinou, em agosto, a prisão preventiva de sete oficiais, que seguem custodiados.

    Um áudio obtido por VEJA ilustra o clima que antecedeu o atentado. A reunião convocada às pressas para discutir e elaborar um plano de contenção dos manifestantes foi recheada de declarações que minimizavam os atos e apontavam para uma baixa adesão – conforme essa avaliação, não valeria a pena “desgastar” os policiais naquele dia, de modo a justificar um efetivo mais baixo (confira os áudios na abertura da reportagem).

    As falas, vale destacar, não constam em memória feita pela Polícia Militar sobre o encontro.

    A reunião, comandada por autoridades da PM, aconteceu na manhã do dia 6 de janeiro – dois dias antes, portanto, dos atos. Também participaram representantes do Supremo Tribunal Federal, do Itamaraty e do Senado. Naquele momento, apesar de já haver convocações em redes sociais e de circular mensagens com teor golpista e que falavam em “tomada de poder”, os participantes ponderavam que não havia alertas de órgãos de inteligência nem de autoridades que monitoravam o deslocamento de ônibus a Brasília.

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    Assim, foi elaborado o Protocolo de Ações Integradas (PAI), que balizou todo o esquema de segurança da Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro. O documento final foi assinado por diversas autoridades, entre elas o então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres.

    Mudança de cenário

    Um dia depois, e já em meio à mudança do cenário de uma suposta calmaria narrada no encontro, a Polícia Federal convocou uma reunião com oficiais da PM para ressaltar o aumento na quantidade de ônibus indo a Brasília e a preocupante ameaça constatada para o ato do dia 8. Os policiais, então, disseram que o planejamento daria conta da manifestação.

    Apesar dos alertas, nenhuma alteração foi feita no plano de segurança – confeccionado em meio à incerteza se o movimento, de fato, aconteceria em grandes proporções – e nenhum outro planejamento foi elaborado. Para piorar, as definições estipuladas no documento foram desrespeitadas, entre elas a previsão de que os policiais impediriam o acesso dos manifestantes à Praça dos Três Poderes.

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    De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, a baixa proteção do STF naquele dia devia-se, principalmente, à garantia dada pela PM de que os vândalos não chegariam às proximidades da Corte.

    PM: manifestantes queriam só ‘botar medo’ e ‘vender o terror’

    VEJA teve acesso à integra da reunião do dia 6 de janeiro. Nos diálogos, os participantes oscilam entre a preocupação das convocações e a crença de que o movimento não ganharia corpo.

    Apesar da incerteza, foi decidido que não haveria o deslocamento de um grande efetivo para a Esplanada dos Ministérios. Além disso, os demais policiais estariam apenas de “stand by” fora dos batalhões para eventuais convocações, caso algo saísse do controle.

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    A ordem partiu do coronel Marcelo Casimiro, então chefe do 1º Comando de Policiamento Regional, responsável por seis batalhões, entre os quais o que abrange a segurança da Esplanada.

    A gente não vai ter um efetivo grande. A gente vai ter efetivo, mas não vai ter um efetivo grande na Esplanada porque não tem nada concreto. (…) Então com 200 pessoas só com efetivo que a gente tem do 6º Batalhão já dá conta, entendeu?”, afirmou Casimiro.

    O militar acrescentou que todos deveriam estar atentos, mas, na sequência, disse não acreditar nas ameaças feitas pelos manifestantes.

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    “Tem alguns deles aí que não sei se prospera, até acho que não, que pela inteligência tem falado que vai driblar a segurança, vai dar um jeito. Eu acho que é mais algo assim para botar medo, para vender o terror, botar pilha no processo, algo nesse sentido”, disse.

    O coronel acrescentou que não valeria a pena “desgastar” seu efetivo “para ficar numa Esplanada que provavelmente não vai acontecer nada”. “Gasta-se lá uma grana enorme sem necessidade, entendeu?”, justificou.

    Mensagens anexadas à investigação apontam ainda que Casimiro foi alertado por seus subordinados de que haveria uma “desordem” na esplanada. Ele, porém, se limitou a dizer que era “muito barulho e pouca ação”. Horas antes da manifestação, ele também reforçou que o efetivo era suficiente. O coronel é um dos militares que foram presos por ordem do STF.

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