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As pendências na investigação da morte do capitão Adriano

Responsável pela apuração do caso, Ministério Público da Bahia pediu à Polícia Federal uma série de perícias e a reconstituição dos fatos

Por Daniel Pereira Atualizado em 29 Maio 2022, 09h07 - Publicado em 28 Maio 2022, 13h15

O Ministério Público da Bahia aguarda o resultado de perícias encomendadas à Polícia Federal e a produção de provas, como a reconstituição do caso, para concluir a investigação sobre as circunstâncias da morte do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, ocorrida em fevereiro de 2020 no município de Esplanada (BA).

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, Adriano morreu numa troca de tiros com forças policiais, que antes do confronto teriam pedido a ele que se entregasse de forma pacífica. Viúva do ex-capitão, Julia Mello Lotufo rechaçou essa versão em depoimento ao MP e defendeu a tese de que Adriano foi torturado e executado. Aos promotores, ela afirmou que esteve com o marido até a véspera da morte dele, quando atestou que estava desarmado.

Em razão da dúvida, o corpo de Adriano já passou por diferentes perícias. Uma delas, realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi inconclusiva. Em meados do ano passado, o MP da Bahia pediu apoio à Polícia Federal para a realização de uma série de novos exames. Sob a alegação de que a investigação é sigilosa, o MP não quis detalhar a VEJA o que foi demandado à PF e informou apenas que encaminhou ao Setor de Perícias Externas da PF uma pedido com cerca de 50 laudas.

Segundo a assessoria do MP da Bahia, a PF já fez parte dessas perícias, mas ainda não compartilhou nenhum resultado com os promotores. Também está pendente a realização de uma reconstituição do caso pelos policias federais. O trabalho, portanto, não deve ser concluído tão cedo.

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Acusado de chefiar um grupo de extermínio e integrar uma das milícias mais poderosas do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega passou um ano foragido antes de ser morto. Ele foi atingido por dois disparos de armas de fogo, um de carabina e outro de fuzil. Um deles entrou pelo tórax à esquerda e percorreu trajeto de baixo para cima, provocando uma lesão também no pescoço. O outro foi dado de cima para baixo, entrou pela clavícula direita e saiu pelas costas. Os trajetos dos projeteis são usados pela viúva dele como mais um indício de que não houve confronto, mas execução.

A morte do ex-capitão logo virou combustível para o embate político em razão das relações dele com a família Bolsonaro e o notório Fabrício Queiroz. Quando ainda estava na PM, Adriano foi homenageado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a mais alta comenda da assembleia legislativa fluminense (Alerj). Pelas mãos de Queiroz, de quem foi colega de ronda na Polícia Militar, Adriano também conseguiu empregar duas parentes no gabinete do Zero Um na Alerj — ambas acusadas de participar do esquema da rachadinha.

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