Ainda incerta, a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) depende de vários fatores. O presidente do Senado só vai para o PSD se tiver certeza de que há espaço para uma candidatura de terceira via crescer ao longo da campanha de 2022. Por enquanto, seu nome alcança cerca de 1% nas pesquisas de intenção de votos. A aposta do presidente do PSD, Gilberto Kassab, é que a partir de maio o senador deslanche nos levantamentos. Desde o início do ano Kassab tem organizado eventos para apresentar Pacheco a diferentes grupos econômicos e sociais, especialmente em São Paulo.
Mas, para além do desejo, a viabilidade da candidatura depende de outros fatores e de potenciais concorrentes. Pacheco tem dito não ter pressa para definir se concorre ou não — ele está no meio da legislatura como senador. O martelo deve ser batido apenas em no início do próximo ano, depois que o PSDB definir quem vai ser o candidato escolhido nas prévias do partido, marcadas para novembro; após a decisão do ex-ministro Sergio Moro sobre se vai ou não concorrer, o que deve ser definido em novembro; e de como ficará o União Brasil, legenda a ser criada nas próximas semanas a partir da fusão entre DEM e PSL. São muitas variáveis.
A aliados, Pacheco descarta a possibilidade de ser vice do ex-presidente Lula, já que ele também foi um antagonista do PT em 2018, quando derrotou a ex-presidente Dilma Rousseff na corrida pelo Senado. Ainda assim, afirma que não vai adotar a linha de atacar o petista e, tampouco, o atual presidente, Jair Bolsonaro, pois, em sua visão, o eleitor vai buscar o candidato que oferecer uma espécie de pacto em favor da democracia e dos direitos humanos, e não alguém que simbolize guerra. E costuma dizer que o posto de vice, em sua chapa, deve ser ocupado por uma mulher.
O senador, que entrou na mira de bolsonaristas nas redes sociais, tem dito que sabe que se concorrer contra Bolsonaro, vai sofrer mais ataques e ameaças virtuais em 2022. As manifestações do 7 de setembro o deixaram em alerta. Em conversas reservadas, Pacheco avisa que não se sente em dívida com o Planalto e que sua eleição ao Senado não dependeu de apoio do atual presidente da República.
Se a candidatura presidencial se viabilizar, Pacheco já tem até o plano de governo desenhado na cabeça. Ele tem se aconselhado com nomes de peso, como Armínio Fraga, Delfim Netto, Nizan Guanaes e Paulo Hartung, além do ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel e do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, com quem conversa sobre desenvolvimento sustentável. A questão ambiental, por sinal, está na mira de Pacheco para a eventual candidatura ao Planalto: a interlocutores ele prega a necessidade de apresentar políticas públicas para proteger o meio-ambiente e submeter essas iniciativas ao crivo da comunidade internacional, com o objetivo de apresentar o Brasil a investidores como um país que segue princípios do liberalismo econômico protegendo as florestas e, por isso, deve atrair recursos para se desenvolver.